15/11/2020
Esse relato é de uma paciente que chega à terapia, com problemas emocionais sérios, confessa ser a última porta que irá recorrer. Relata que nunca acreditou que iria se render a um Psicólogo pelo fato de não acreditar nesse procedimento analítico, pois julgava que esse atendimento seria para pessoas com graves distúrbios psicológicos que não era seu caso, pensava ela. Mas após essa experiência analítica nunca mais deixou de recorrer ao método. Recuperou sua autoestima, resolveu seus problemas emocionais e, não permite terminar sua história de amor. Pelo fato de ter detectado o problema, onde descobre que lutou sempre para não assumir o lado frágil da mulher e, que essa decisão estava ligada aos traços emocionais de sua mãe.
Vou dar um nome fictício a essa paciente (Lívia).
O Relato
Minha triste realidade, esconder a dor que estou vivenciando. Acordo e, lembro que tenho que enfrentar mais um dia e, nesse dia me esforçar ao máximo para não deixar transparecer a tristeza em meu rosto. Ao me colocar na frente do espelho reflito na melhor maneira de maquiar a dor que teima em tomar conta de meu coração. Fico tentando não chorar, seria pior sair para o trabalho tão vulnerável. Toda minha vida passa em questão de minutos diante dos meus olhos. Enfrentar uma separação conjugal seria demais. As lágrimas teimam em cair. Procuro imediatamente encher-me de ânimo e coragem. Procuro fazer uma make que não deixe transparecer em meu rosto as marcas de uma noite mal dormida. Carrego no batom escolho o tom avermelhado que marca meus lábios, para que os olhares se voltem para essa parte do meu rosto, deixar um sorriso belo parece ser uma boa estratégia. Não saberia como dar desculpas as possíveis perguntas dos colegas de trabalho se, percebessem que algo está acontecendo. Dona de um currículo impecável de uma imagem digna de ser preservada: simpática, referência para muitos, profissional exemplar, dona de uma força invejada por muitos é assim que sou .nomeada em meu trabalho Ser forte, sempre foi a intenção ,uma escolha que fiz .Pode parecer bobagem essa história que vou confessar, faz parte da minha adolescência ser como a “mulher maravilha” personagem que sempre admirei, meu programa preferido nas horas vagas em casa jogada no sofá .Suas qualidades eram exibidas e apreciadas pela minha cabeça de adolescente, bela, forte, dona de si, amada e adorada por muitos, falhar, perder chorar, ser frágil não fazia parte do estereótipo dessa mulher. E, agora parece que nada disso serve, para tirar-me dessa aflição e dessa angustia. Sabe de uma coisa Drª recordo de minha mãe, uma mulher que vivia em um mundo de lamentos e, trazia um olhar melancólico e, triste. Raramente sorria, mas sempre batalhou para proporcionar o melhor para nossa família tenho pensado muito nela nesses últimos dias. Será que tem algo a ver com esse momento, tudo parece tão confuso.