
25/07/2025
Entre o talvez do que foi e o silêncio do que não lembra, o inconsciente ativa seus próprios mecanismos — não para apagar a dor, mas para tornar suportável aquilo que não fez sentido. Quando os fatos são vagos ou fragmentados demais, ele remenda memórias para que possam ser armazenadas e processadas. Mesmo imperfeitas, essas construções cumprem sua função: permitir algum alívio diante do que machuca. A dor pode persistir, mas o inconsciente não se conforma em viver sob o peso dela e luta diariamente por vezes destruindo tudo a sua volta para cessa-la. Já a consciência, por vezes distante desse processo, não percebe o quanto foi necessário esse remendo — e acaba em conflito, tentando medir com lógica o que, na verdade, é expressão de um esforço profundo de cura.