
13/04/2025
Luto 🖤
Um homem corajoso, um professor, um Psicólogo, antes de tudo isso, uma Pessoa.
A psicologia brasileira perdeu uma figura importante nesta semana, alguém que topou mostrar a cara e falar o que muitos de nós não fala, mantemos nossa 'neutralidade' ética. Isso não é uma crítica a nós ou ao nosso silêncio facultativo, mas um elogio à ele.
O que vemos das pessoas é muito pouco, não só nas redes sociais, mas num jantar luxuoso, numa feira livre ou numa cotidiana convivência.
Acredita-se saber/conhecer o Outro com base no que se fala em breves encontros, em curtos recortes de convivência, mas a verdade é que ninguém imagina nem de perto, o que cada um pensa e sente no seu íntimo.
A perda de alguém a quem admiramos nos faz lembrar o que se deseja esquecer: nossa finitude, nossa fragilidade humana, nossa mortalidade real (às vezes em vida). Nossa impotência diante do que há de mais misterioso: a morte.
Ninguém passa ileso do 'vazio' existencial, seja psicólogo ou não, de uma forma ou de outra, num tempo ou noutro.
Ser profissional psi não torna alguém inatingível às asperezas e dificuldades da vida humana. Aliás, talvez escolher trabalhar com o sofrimento humano seja justamente por empatia e flerte com 'a dor de ser o que se é'.
Na mitologia, Quíron nos deixa o recado, de que 'o médico ferido trata diferente'.
Mas será que se pode falar em cura para algo que mal conseguimos nomear?
Na clínica(e na vida) é o que vemos com frequência, a dificuldade em expressar a dor, apesar de se falar sorrindo e de se afirmar 'está tudo bem'.
Cada ser busca encontrar alternativas para atravessar esse 'furo', dar um sentido.... mas nem todos suportam a [árdua] caminhada.