08/09/2023
Iniciamos o mês de setembro há poucos dias, mês no qual acontece a campanha Setembro amarelo. Você conhece essa campanha?
O setembro amarelo foi criado em 2014, pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Centro de Valorização da Vida (CVV). Seu objetivo principal é o de conscientizar a sociedade com relação a prevenção do suicídio, assim como, diminuir os tabus e estigmas associados ao assunto.
A data 10 de setembro é considerada o dia mundial de prevenção do suicídio, e, por conta disso, o mês de setembro foi o escolhido para a campanha em nosso país. Aqui, diferentemente dos outros países, o mês inteiro é dedicado à discussão da temática. Mas será que o fato de termos 30 dias de campanha é algo positivo/agregador?
O fato de a campanha acontecer durante 30 dias é alvo de críticas por muitos especialistas. Isso porque vemos muitos conteúdos negligentes sendo propagados, profissionais “especialistas” no assunto surgindo em setembro, profissionais que só abordam o assunto nesse mês (como forma de marketing), “ações” que não tem nenhum fundamento quando falamos de prevenção do suicídio, tudo isso sendo lançado nas redes sociais e em espaços como escolas, empresas, serviços de saúde, etc.
Para além disso, precisamos lembrar que são 30 dias nos quais familiares enlutados por suicídio ficam recebendo um turbilhão de informações (muitas vezes informações negligentes, como já foi falado) que acionam ainda mais a dor de ter perdido alguém por suicídio e que muitas vezes acionam o sentimento de culpa (um grande exemplo disso é a propagação da ideia de que todas as pessoas que querem tirar a própria vida dão sinais, o que leva os familiares e amigos a acreditarem que não fizeram o suficiente para evitar aquela morte).
Atualmente, percebemos no Setembro Amarelo um viés extremamente medicalizante (de patologização do suicídio) e individualista (como se o sofrimento que o sujeito vivencia fosse responsabilidade dele). Suicídio é um fenômeno MULTIDETERMINADO! Aspectos sociais, econômicos, relacionais, ambientais, culturais precisam ser levados em consideração, o que, por vezes, parece não acontecer.
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