24/04/2025
Recentemente participei da Corrida Azul, um evento que reuniu atletas de várias cidades, pessoas com deficiência e famílias unidas em torno da causa autista. Idealizado por duas mães de crianças autistas, também fundadoras da Associação FASER, o evento foi mais do que uma corrida — foi um grito coletivo por visibilidade, respeito e inclusão.
Ouvi algumas opiniões questionando os reais objetivos por trás do evento. E, como alguém que vive e trabalha diretamente com os desafios da inclusão, vejo com clareza as contradições e hipocrisias que nos cercam. Já senti na pele o peso do capacitismo e do descaso.
Falas que doem. Porque revelam o quanto ainda precisamos avançar — e o quanto a inclusão ainda é, muitas vezes, um discurso vazio.
Mas não é justo minimizar o esforço de duas mulheres que, como muitas de nós, transformam dor em movimento. A Corrida Azul não apaga as lutas que enfrentamos todos os dias, mas ela amplia a nossa voz. Ela nos lembra que somos muitos. E que não estamos sozinhos.
Pensar que uma criança poderia ter um desenvolvimento mais autônomo se tivesse garantidos seus direitos básicos ativa em mim um profundo senso de justiça. Porque sei o quanto isso faz diferença. E porque cada direito negado hoje pode ser um futuro limitado amanhã.
Em uma realidade que fala de inclusão, mas raramente a pratica de fato, eventos como esse não resolvem tudo — mas reverberam. Inspiram. Mobilizam. Nos chamam à responsabilidade de continuar cobrando, exigindo, ocupando espaços.
Que sigamos correndo. Com firmeza, afeto e sentido.