
13/09/2025
Esse fragmento de Clarice Lispector toca em um ponto essencial também para a clínica: o lugar da palavra.
Na clínica, falar nunca é neutro. Toda palavra carrega riscos. Quando o sujeito fala, arrisca-se a perder o olhar do outro, a assustar, a quebrar expectativas. Mas, ao não falar, corre o risco maior: o de perder-se de si mesmo, de silenciar o desejo, de não sustentar sua própria verdade.
A terapia aposta justamente nesse espaço delicado. A fala pode gerar perda, mas é também o que possibilita o encontro. O silêncio pode proteger, mas pode também aprisionar.
Entre falar e calar, não existe saída sem perda. Mas, ao escolher falar, o sujeito se reencontra, mesmo que isso implique a chance de perder o outro.