11/12/2024
Toda vez que nós, mulheres, estamos diante de uma nova fase na vida, sentimos a necessidade de mudar nossos círculos ou redefinir amizades. É como se quiséssemos alinhar nossas conexões ao momento que estamos vivendo e comunicar ao mundo quem estamos nos tornando.
Aconteceu comigo este ano.
Eu decidi que era hora de me afastar de algumas amizades que não faziam mais tanto sentido. Não foi uma decisão fácil, mas parecia necessária.
“Você anda tão distante”, uma amiga comentou numa mensagem, dias depois.
Eu olhei para o celular, suspirei, e respondi: “É muita coisa acontecendo agora, sabe? Preciso de um tempo.”
Enquanto escrevia, senti um aperto no peito. Por um instante, esqueci o quanto prezo por clareza e respeito nas relações. Talvez ela merecesse mais do que um “preciso de um tempo”.
Mas tarde demais para voltar atrás. O silêncio aumentou e, aos poucos, a amizade foi se dissolvendo.
Talvez essa desconexão tenha sido meu maior arrependimento em 2024.
E por falar em arrependimento, esses dias ouvi alguém dizer, cheia de orgulho: “Eu não me arrependo de nada do que já fiz.”
Fiquei pensando: como assim alguém não se arrepende de nada?
Eu tenho uma coleção de arrependimentos e acho muito normal tê-los. Porque é natural que, com o tempo, venha a sensação do “teria feito diferente”.
E é bom ter pelo quê se arrepender. Acho que o arrependimento diz muito sobre nossa evolução, sobre como aprendemos a fazer escolhas melhores.
O que não é bom é ser refém do arrependimento, usá-lo como martírio. Isso definitivamente, não é bom.
A tendência, então, é nos arrependermos cada vez menos, porque tomamos decisões mais conscientes e alinhadas aos nossos valores.
Acredito que o arrependimento não precisa ser um vilão, mas um professor. Uma espécie de bússola que nos guia a sermos versões melhores de nós mesmos.
Eu me arrependi de como me afastei, mas talvez minhas conexões precisem crescer junto comigo – e isso leva tempo.
Marina Borges | Psicóloga CRP 04/73061