05/02/2018
Consideramos uma enorme irresponsabilidade o que tem sido mostrado na novela “O Outro Lado do Paraíso”, exibida na Rede Globo, em relação à “ajuda” oferecida por uma advogada e coach para uma jovem com dificuldades na área afetivo-sexual decorrente, aparentemente, de abusos sofridos na infância. Na trama, a advogada e coach está sendo indicada para ajudá-la a superar um trauma com sessões de Hipnose Ericksoniana.
Além da questão do merchandising grosseiro envolvendo uma determinada escola de Coaching, na qual o autor da novela fez uma Formação, o aspecto mais desrespeitoso e irresponsável refere-se ao fato de não estar sendo recrutada a ajuda de um(a) psicólogo(a) no caso, e sim a de uma advogada e coach, que na cena diz ter feito alguns cursos e workshops sobre o tema.
Lamentável ver, em rede nacional, uma novela com tanta audiência prestando esse desserviço à população ao deturpar o papel do Coaching, ao exibir uma advogada e coach atendendo uma demanda típica e prioritariamente da Psicologia (serviço de psicoterapia).
Respeitar os limites da ajuda viável num processo de Coaching é condição básica para a prestação de um bom serviço.
Como o Coaching é uma profissão não regulamentada, temos visto uma enorme banalização da profissão. Acreditamos que psicólogos-coaches estão capacitados para identificar e separar, com mais clareza e propriedade, demandas que são de psicoterapia e demandas que cabem num processo de Coaching e, assim, prestar o serviço que for mais adequado em cada caso. Por estes e outros motivos é que desenvolvemos uma Formação em Coaching Psychology (exclusiva para psicólogos), seguindo o que acontece nos departamentos de universidades renomadas mundo afora (tais como a Universidade de Harvard e Universidade de Sidney, por exemplo).
Uma premissa básica no Coaching é que o processo não é destinado a pessoas com grande sofrimento emocional, como é o caso da personagem da novela que sofreu abuso sexual no passado e ainda não conseguiu elaborar bem tal situação, que representa um entrave emocional em sua vida afetiva.
Ficamos na expetativa de que o Conselho Federal de Psicologia se posicione sobre o tema, tão relevante para a nossa profissão.