12/04/2025
Na última semana, vivi uma daquelas sessões raras — preciosas — onde os grandes pilares da psicoterapia não apenas se manifestam, mas dançam diante de nós com uma beleza silenciosa. A relação terapêutica ali, pulsante. A autenticidade, em sua forma mais crua e comovente. E entre palavras e silêncios, tantas trocas.
Falo daquelas sessões que nos lembram, com força e doçura, o que é ser terapeuta. Onde não apenas ouvimos, mas somos atravessados. Onde recebemos, acolhemos, aprendemos — e, inesperadamente, somos acolhidos também. Sessões onde lenços são partilhados, e somos, acima de tudo, humanos. Onde o relato do outro ressoa dentro de nós como um eco antigo, revelando dores de uma infância roubada, marcada por rejeições, abandonos e pela urgência cruel de crescer para sobreviver.
Falo daquelas sessões que nos confrontam com o significado mais verdadeiro de palavras como resiliência, superação, transformação. Sessões onde a história contada parece incompatível com a vida — e, ainda assim, ali está ela, sendo vivida. Histórias que rompem o esperado, que nos ferem e nos curam ao mesmo tempo. Histórias que nos ensinam que, mesmo quando o prefácio sussurra um fim trágico, é possível reescrever os capítulos seguintes com outras cores, outros sentidos.
Sessões assim nos devolvem a fé. Nos lembram que, apesar do caos, da imprevisibilidade, da falta de controle — a vida ainda pode ser bela. E vale ser vivida. Há muito tempo eu não saía de uma sessão com o coração tão cheio, me sentindo a pessoa mais feliz do mundo por ser psicoterapeuta. Por ter o privilégio de cuidar do outro. De praticar, com humildade e entrega, a arte de escutar sem julgar, de estender a mão quando tantas outras foram soltas.
Que privilégio! Que honra é essa de ser recebido na alma de alguém, semanalmente. A cada um dos meus pacientes e clientes, os que caminham comigo hoje e os que já caminharam: meu mais profundo agradecimento. Vocês me ensinam a viver uma vida com valores, com sentido. Vocês me transformam.