09/07/2025
Sobre a estranha e conhecida sensação de vazio por perder alguém.
A Paula se foi. Nos conhecemos ainda bebês através de uma tia em comum. Estudamos juntas no ensino fundamental, saíamos sempre que possível, encerrávamos as mensagens com precisamos nos ver.
Paula era de natureza questionadora, teve uma excelente educação e tinha visão humana. Não tinha medo de discordar. Falava o que pensava e rir de alegria ou deboche era sua marca registrada.
Ano passado passou por uma cirurgia delicada. Fazia acompanhamento médico. Estava bem. Voltou à rotina.
Viajamos numa semana chuvosa em dezembro passado, depois de uma vida inteira combinando e desmarcando, cada uma com seus motivos.
Foi uma semana de chuva, talvez anunciando o que não queríamos ver.
Mesmo assim encerramos com a promessa de repetir a experiência com o humor mais ensolarado.
Não haverá.
Na tarde de ontem recebi a notícia de falecimento dela.
Estou imensamente triste. Demorei para processar a informação. O choro veio hoje. Consegui escrever e postar hoje.
Ela fará falta para mim e para todo mundo que a conhecia.
Não teremos mais oportunidade de nos divertir juntas, de nos desentender por coisas bobas, concordar sobre problemas sociais, falar mal do machismo, reprovar os ex- namorados, elogiar os cachorros e nos reconciliar.
Ela não vai mais corrigir meus erros de português, mandar um 'você que sabe' ou soltar um 'eu falei' quando as coisas dão errado.
Ela não vai mais enlouquecer meus cachorros de alegria ao me visitar.
Foi e deixou saudades.
Um buraco.
Ficou o vazio que cada um que f**a vai ter que lidar.
A segunda perda de amigo deste ano.
A vida é tão rara, imprevisível. E ainda que previsível sinto que não estou vivendo de forma suficiente.
E mais uma vez, agora na maturidade, a vida vem, escancarando a finitude.
Lembrando que é assim.
Obrigada Paula por ter feito parte da minha história. Saudades. 🌷