07/08/2025
Tem esperas que não fazem barulho, mas ocupam tudo. A espera pela maternidade é uma delas.
Ela vai tomando o tempo, o corpo, a cabeça. Bagunça o humor, a esperança, e até o modo como a gente se enxerga.
E, quando essa espera se prolonga, a vida começa a ficar apertada por dentro, cinza.
Passei por isso durante dez anos.
Dez anos em que eu me via, mês após mês, entre exames, hormônios, procedimentos e expectativas.
Durante muito tempo, eu achava que minha vida estava pausada.
Como se eu mesma estivesse em falta — inacabada, incompleta.
Até que eu entendi que a espera também era um tempo de vida.
E que, se eu não aprendesse a cuidar de mim naquele tempo, eu seria consumida pela frustração.
Aos poucos, comecei a enxergar que o que eu chamava de “maternidade” não precisava começar no dia em que eu segurasse um bebê nos braços.
A maternidade, na verdade, já morava em mim.
É que a gente cresce ouvindo que ser mãe tem a ver com gerar uma criança dentro do próprio corpo — mas isso nunca foi toda a história.
A maternidade tem muitas caras.
Ela pode vir pela gestação, sim. Mas também pela adoção, pelo afeto, pelo vínculo, pela decisão consciente de cuidar de alguém. 🤍
Tem gente que materna os filhos dos outros.
Tem gente que materna a si mesma.
Tem gente que materna projetos, relações, bichos, ideias, causas, alunos.
Maternar é isso: cuidar da vida com presença.
E é por isso que, naquele tempo em que o teste continuava dando negativo, eu comecei a viver a maternidade não como um objetivo, mas como um valor.
Foi assim que percebi que a maternidade que eu tanto buscava não estava só no que eu poderia gerar.
Ela também estava no jeito como eu escolhia viver.
Hoje, olhando para trás, vejo com clareza:
enquanto esperava por uma nova vida, eu estava gestando a minha. ✨
E talvez seja isso que nos salve:
descobrir que a maternidade pode vir de muitos jeitos.
E que ela pode começar no agora, no simples gesto de cuidar de quem a gente já é. Concorda?