28/03/2024
Cuidados paliativos são lindos. Essenciais. Fundamentais para quem vivencia um diagnóstico que ameaça a vida.
Mas a verdade é que poucos, POUQUÍSSIMOS profissionais, estão de fato preparados para essa atuação.
Muitos se entitulam, mas não possuem se quer a capacidade de olhar para além dos seus próprios "achismos" ou sentimentos. Poucos se despem de sua autoridade e de sua impotência. Da sua arrogância e da prepotência de achar entenderem ou saberem tudo.
Muitos fingem não ver! Cegam-se, convenientemente para a morte, por não conseguirem suportar sua própria angústia diante do fim e da "incapacidade de salvar".
Ensurdecem-se aos pedidos de socorro para alívio da dor física e existencial, estendendo como um infinito, o que se apresenta ser tão finito.
Eu lamento tanto as atrocidades que já tive a infelicidade de saber ou presenciar. Lamento por cada paciente que não foi devidamente olhado ou escutado. Lamento pela falta de ética que coloca profissionais descapacitados a frente de situações de tal necessidade profissional.
O morrer deveria ser menos traumático, no sentido de ser acolhido e não ignorado.
Sinto que tudo isso me fortalece a cada dia mais, para me construir diferente. Para me moldar com valores e sentidos alinhados, voltados a quem precisa de mim e não apenas ao que eu entenda como necessário.
Um bom trabalho na saúde se faz com a participação ativa de profissional e paciente. Se comunicando. Se conectando. Se possível, com inclusão de uma rede de apoio e de uma equipe. Não deveria ser tão difícil!! Tão distante.
Este é um desabafo de quem ama o que faz.
Não só como um ser humano empático, mas como uma profissional compassiva.
Sigo estudando, me especializando e enfrentando meus fantasmas, para só assim conseguir de fato me colocar em segundo plano nesta atuação tão importante.
Paliativista com amor. Paliativista por amor. 🦋