25/11/2021
Pequenos cortes pelo corpo e a tentativa de escondê-los dos pais são os principais sintomas da automutilação, ou cutting, que é reconhecida como um transtorno mental desde 2013, segundo a psiquiatra.
O mais importante é reconhecê-la como um transtorno mental que precisa de atenção e cuidado, por meio de avaliação psiquiátrica. Em casa, o apoio da família é essencial. Os pais não devem dar bronca ao perceber os cortes ou tratar o ato como travessura, mas sim oferecer conforto e compreensão. A família precisa entender que é um problema e que existe tratamento.
O cutting não tem como objetivo chamar a atenção, mas é usado como um escape para aliviar a tensão. Quem o pratica não quer que os pais saibam, porque quer continuar usando esse “analgésico” para dor emocional.
As principais características do transtorno, que normalmente começa em torno dos 13 anos de idade, são pequenos cortes superficiais feitos pelo próprio adolescente, em locais do corpo que possam f**ar escondidos sob a roupa, sendo os braços o local mais comum.
A automutilação é diferente da tentativa de suicídio; a pessoa se corta mas sabe que não vai morrer por causa disso. A motivação referida pelos pacientes é que eles se cortam para aliviar uma sensação ruim. Sensação de vazio, angústia, raiva de si mesmo, tristeza com ou sem motivo e até para relaxar são outros motivos apontados.
A automutilação muitas vezes está relacionada a outros problemas psicológicos, como depressão, ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e transtornos alimentares. Até a influência da mídia pode iniciar um episódio de cutting, porque o adolescente f**a sabendo que a prática existe por meio de filmes, seriados ou em vídeos na internet. A adolescência é uma fase de experimentação, de modo que ver alguém se cortando pode ser suficiente para fazer também, seguir como se fosse uma “moda”, diz.
Nem todo adolescente que tenta o cutting uma vez vai continuar praticando. A pessoa só sente o alívio ao se cortar se já tem uma situação de estresse prévia; caso contrário, só sente dor. Se o paciente está em condição psicológica normal, ele não repete mais.
O transtorno também pode se manifestar sem a necessidade de influência externa. Em um acesso de raiva, o adolescente se machuca, se fere sem querer com algum objeto e percebe que, com a dor física, ele sente algum alívio. Em pacientes que praticam por períodos longos, um ano ou mais, pode acontecer de se cortarem em momentos de tristeza e também de euforia. É como um vício, e a pessoa pode sentir a necessidade de se machucar mesmo sem estar passando por problema algum.
Mas, afinal, o que é a automutilação?
Seja cortes por meio de lâminas, facas e estiletes, ou queimaduras feitas por pontas de ci****os ou até perfurações feitas com agulhas, alfinetes e canetas, a automutilação consiste em machucar a si mesmo. Em geral, estão são associados a transtornos de personalidade, como o Borderline – distúbio mental caracterizado por instabilidade emocional e comportamental. Também são encontrados em quadros psicóticos, como a esquizofrenia, psicoses, intoxicação por dr**as ou autismo.
A prática é feita, geralmente, em segredo e em lugares familiares, em que as pessoas se sentem seguras e confortáveis, tais como o próprio quarto, banheiro ou escritório. Existem outros tipos de automutilação, como as auto-agressões com objetivos diros como martelos de amassar carne ou então ajoelhar-se no milho.Os casos mais graves apresentam tipos mais visíveis, como cabeçadas na parede ou chão, socos na parede, cortes com tesouras.
A lâmina é o instrumento mais utilizado pelos jovens entrevistados para se cortar. Muitos deles afirmam também que pegam qualquer objeto cortante para praticar a automutilação.
Os sintomas de automutilação incluem o uso de roupas largas e mangas compridas, mesmo no tempo sufocante. A necessidade de privacidade nestes indivíduos é muito maior e também mostrar sinais de depressão.
As causas de automutilação
Embora não existam regras quanto à razão pela qual alguém faz automutilação, algumas das teorias que foram propostas são:
Automutilação serve como uma saída para fortes emoções
negativas como vergonha, culpa e raiva, especialmente nos casos em que o indivíduo tem medo de expressar seus sentimentos em relação a outros.
Muitas pessoas têm relatado que a automutilação ajudou a aliviar a tensão insuportável ou ansiedade.
Mesmo as pessoas adotam isso quando a raiva de outra pessoa para si está indo.
Algumas pessoas usam a automutilação como um mecanismo para atrair a atenção ou assistência indireta.
Alguns cientistas acreditam que um problema com o sistema de serotonina do cérebro pode derrubar algumas pessoas na auto-mutilação, o que os torna mais agressivo e impulsivo do que outros. Os danos a si próprio faz com que o cérebro para libertar endorfinas que reduzem os níveis de stress, mas um círculo vicioso começa mesmo o corpo da pessoa que aumenta o seu desejo de endorfinas.
Apesar de diminuir ou até desaparecer com o tempo, a automutilação pode ocorrer em adultos. É um transtorno que tem idade para começar mas não para acabar. Tende a diminuir depois dos 20 anos, mas, se não tratado, pode continuar ao longo da vida. E se o prejuízo social já é grande quando ocorre na adolescência, na vida adulta pode ser ainda pior.
O tratamento para a auto-mutilação
O maior perigo é que ela tende a tornar-se um comportamento viciante que é muito difícil de parar. A assistência de um profissional qualif**ado é quase sempre uma necessidade. Algumas das formas iniciais do tratamento que o indivíduo pode começar com a terapêutica são:
Técnicas de auto-relaxamento pode ser usado para reduzir a tensão e estresse que o indivíduo sente um incidente de automutilação.
A terapia de grupo é uma ótima maneira de reduzir a culpa ou vergonha que conduz à automutilação, uma vez que ajuda o indivíduo a expressar seus temores entre as pessoas que sentem o mesmo.
A terapia familiar também é importante porque pode ajudar a resolver todos os problemas relacionados com o stress da família, junto com todos os membros da família ajuda-lo a entender e se comunicar uns com os outros diretamente.
Prognóstico e prevenção
A presença e severidade de outros distúrbios emocionais, história de abuso sexual e tentativas de suicídio afeta muito o prognóstico de auto-mutilação. Foi observado que os casos em que o abuso foi mínimo ou ausente constatou-se um melhor prognóstico, enquanto os pacientes que tentaram suicídio ou diagnosticados com transtorno de personalidade borderline apresentam pior prognóstico. É muito triste ver que os fatores que podem ajudar a reduzir os casos de automutilação estão, geralmente, fora do controle . Com o alto índice de abuso sexual que vemos em nossas crianças, não é surpreendente ver um aumento alarmante nos casos de automutilação.
O acompanhamento psicológico, no entanto, tem papel fundamental no tratamento da automutilação. A psicoterapia ajuda o paciente a entender os sentimentos pelos quais passa e como se posicionar perante eles.Cabe ao profissional investigar sua dinâmica psíquica, suas relações afetivas, seus vínculos parentais e as pressões emocionais a que o sujeito está submetido.
O tratamento psicoterapêutico ajuda a dar nomes aos sentimentos, investiga o surgimento deles, procura entender a relação do sujeito com o mundo frente a esses sentimentos e o motivo de a pessoa manter tal comportamento.