12/05/2023
O mau humor tem matado a muitos!
A infelicidade espalhada nas redes sociais tem devastado muitos relacionamentos que outrora eram saudáveis. A cultura do cancelamento, do patrulhamento, da gente chata que passa o dia vasculhando a vida alheia para apontar as mínimas imperfeições tem gerado um comportamento semelhante nos relacionamentos familiares.
A esposa já não consegue ver nenhuma virtude em seu esposo, o esposo só consegue enxergar o que há de inacabado no caráter da esposa. Os pais não olham para as imperfeições dos filhos como algo que precisa ser trabalhado pacientemente, mas sim com um olhar de puro julgamento.
O julgamento deve ser dado apenas na consumação de um ato e a vida para ser julgada deve ter sido inteiramente consumada. Os atos dos que ainda vivem estão inacabados como igualmente estão suas vidas. Mas, incapazes de olhar para os próprios defeitos, que por sinal todos já são capazes de ver, essas pessoas se fecham cada vez mais e si mesmas e se escondem atrás de um semblante carrancudo e de suas palavras ofensivas que pouco a pouco afastam os seus amigos.
Assim vemos o mau humor sendo algo cada vez mais comum nas conversas mais triviais, que deveriam ser para todas as pessoas um lugar agradável, com conversas agradáveis. Ao invés disso temos visto os “especialistas em tudo” sempre dar uma carteirada na opinião de quem queria apenas ter uma conversa edificante sem que ela precise ser também um sermão profundamente fundamentado nos trending topics da última semana.
O bom humor precisa ser resgatado e isso não depende de um novo Levante, mas apenas de um olhar mais suave para as coisas e principalmente para as pessoas. Esse olhar suave não é de modo algum um olhar laxista diante da vida, pois levar a vida a sério não é, como parece ser para alguns, sinônimo de levar uma vida mau humorada.
Alguns, porque insistem em viver uma vida sem virtudes e não fazem a mínima ideia de como conquistá-las, repetem o mantra dos desanimados, ou melhor, dos desalmados: “quando eu estiver me sentindo melhor eu faço”. Com isso se escravizam, se escondem e se abatem porque ainda não entenderam que o movimento é justamente o oposto: Primeiro eu faço, depois eu sinto.
O bom humor não deve ser confundido com a boa sensação. A virtude do bom humor é, justamente por ser virtude, uma capacidade que pode ser desenvolvida. “Afinal, diz Viktor Frankl, é sabido que dificilmente haverá algo na existência humana tão apto como o humor para criar distância e permitir que a pessoa se coloque acima da situação, mesmo que somente por alguns minutos. (...) A vontade de humor – a tentativa de enxergar as coisas numa perspectiva engraçada – constitui um truque útil para a arte de viver.”