03/12/2025
Em um tempo onde o céu beijava a terra e as águas sussurravam segredos ancestrais, vivia uma jovem aprendiz de xamã chamada Yara. Seu coração pulsava com a curiosidade do amanhecer, mas seus passos vacilavam na trilha do conhecimento. Um dia, em meio à floresta que dançava ao ritmo do vento, Yara encontrou uma tartaruga anciã, sua carapaça adornada com musgo e o tempo.
A tartaruga, cujo nome era Aruana, convidou Yara a sentar-se ao seu lado. "O que aflige seu coração, pequena?", perguntou Aruana, com a voz calma como um lago sereno. Yara compartilhou suas dúvidas e medos, a sensação de estar perdida em um mundo vasto e desconhecido.
Aruana sorriu, um sorriso que carregava a sabedoria de séculos. "A tartaruga", disse ela, "carrega o mundo em suas costas. Ela nos ensina sobre paciência, persistência e a importância de seguir nosso próprio ritmo."
A tartaruga então convidou Yara para uma jornada. A cada passo lento e constante, Aruana revelava os segredos da floresta: a cura nas folhas, a força nas raízes, a comunicação silenciosa entre as criaturas. Yara aprendeu a ouvir o sussurro do vento, a dançar com a chuva, a encontrar o sagrado em cada detalhe da natureza.
Em uma noite estrelada, Aruana levou Yara ao topo da montanha mais alta. Lá, sob a luz da lua, a tartaruga compartilhou sua história: como ela havia aprendido a importância de cada passo, de cada respiração, de cada momento. "A vida é uma jornada, não uma corrida", disse Aruana. "Aprenda a apreciar o caminho, a encontrar a beleza em cada detalhe, a confiar em seu próprio ritmo."
Yara retornou à sua aldeia transformada. Ela havia aprendido a paciência da tartaruga, a persistência em face dos desafios, a importância de seguir seu próprio caminho. Tornou-se uma xamã sábia e compassiva, guiando seu povo com a sabedoria ancestral da tartaruga.
E assim, a história de Aruana se tornou uma lenda, um lembrete de que a sabedoria reside na simplicidade, na paciência e na conexão profunda com a natureza. E que, como a tartaruga, todos nós carregamos um mundo de possibilidades em nossas costas, esperando para serem descobertas.
Texto baseado em contos Amazônicos por Sergio Mbyá Vasconcellos