23/09/2021
Há diversos conteúdos que abordam as características das relações abusivas, o que permite a diversas pessoas que se encontram nestas situações rever seus relacionamentos com mais consciência do que acontece, bem como fazer uma escolha por permanecer ou não neste relacionamento.
A pessoa que opta pelo fim do relacionamento vai passar por um luto do término, se estiver em acompanhamento psicológico pode aprofundar os aspectos que permearam essa relação, identificar outras possíveis relações abusivas, sejam estas de uma relação afetiva, em sua família ou amigos.
Mas e depois, como é que ficam os novos relacionamentos?
É comum identificar inseguranças para se permitir um novo relacionamento após términos, mas após um término de uma relação abusiva pode haver uma dificuldade ainda maior, com características específicas, como a dúvida sobre a própria identidade (quem a pessoa é, já que havia uma tendência a misturar-se como pessoa ao que o ex relacionamento tentou fazer com que a mulher fosse), um medo - de diferente intensidade - de atrair novas situações de repetição da relação anterior, assim como a autoestima também pode estar muito fragilizada.
Tenho me deparado com este tema na clínica, e não há uma resposta padrão, ou uma fórmula mágica que possa ser fornecidas à pessoa.
Se relacionar é um encontro com um novo desconhecido e demanda um olhar atento e carinhoso da pessoa para si mesma, com auxílio de seu psicoterapeuta, para trabalhar os desafios que surjam nesta "aventura" de se relacionar.
Mais desafiador que perceber uma relação abusiva é se permitir relacionar após uma situação que trouxe danos emocionais.
Não há como prever uma relação, mas é possível, com autoconhecimento, identificar os fatores subjetivos que mantiveram a pessoa na relação abusiva, assim como identificar se há situações de violência em uma nova relação, mas somente conforme essa nova relação seja iniciada e a aconteça.
Há um caminho pessoal e necessário de se percorrer após uma relação abusiva.
É preciso falar mais sobre os desafios e especificidades de novos relacionamentos de pessoas que viveram uma relação abusiva.
Bruna Monteiro Correard
CRP 06/100419