22/07/2024
Deixando Teresina-PI em 2014, fiz as malas e já tinha meu próximo destino - São Paulo, a residência médica em pediatria.
Tudo novo e ainda confuso, fui me encaixando e uma nova rotina foi tomando forma. Construí amizades sólidas, trabalhei muito, dormi pouco, sofri, chorei, errei, aprendi e cresci.
Longe de casa, passamos a entender muito bem o valor do tempo e de como ele precisa ser aproveitado e vivido com aqueles que amamos. Mas a fé nos move, e não a vista. Então continuei.
Em 2016, a neuropediatria veio sorrateira, como quem não quer nada. Foi se mostrando aos poucos, querendo ser descoberta, ocupando um lugar em mim que nem eu conhecia. Doenças raras, doenças degenerativas, doenças sem cura, crianças graves.
Poucas pessoas conseguem enxergar como uma grande caminhada.
É mais fácil enxergar um fim.
Foi na neuropediatria que conheci as famílias mais fortes, que entendiam muito bem o valor dos instantes.
Que as demonstrações de afeto não podem e nem devem ser adiadas, porque a vida é agora.
Apesar das limitações, aquelas crianças eram amadas e felizes.
E a vida precisa mais do que isso?
A felicidade não cobra um preço para existir, nós que muitas vezes criamos condições de uma vida perfeita demais buscando encontrá-la.
E nunca encontramos.
Ser neuropediatra me faz mais forte e determinada, não somente para tratar e curar uma doença, nem para ser melhor do que ninguém, mas para dar o melhor de mim e dar ao outro o respeito que ele precisa e merece.
Voltei pra minha terra.
Sigo aprendendo um pouco a cada dia.
Voar é muito bom, mas pousar também. 💛