22/10/2025
A prática xamânica do lava-pés é um ato de humildade e presença. Quando eu realizo esse ato, não estou apenas lavando um corpo físico, estou reconhecendo o caminho que o outro percorreu. Os pés carregam a história, o peso, as dores e os aprendizados de cada jornada. Por isso, lavar os pés é um gesto de respeito e de entrega.
Quando o masculino aplica essa prática no feminino, há um movimento de reconciliação entre as forças. O homem, ao se colocar diante da mulher para lavar seus pés, não está se diminuindo — está equilibrando o que por muito tempo foi distorcido: o domínio, o orgulho e a negação do sagrado feminino. Nesse gesto, o masculino reconhece o valor da mulher como força geradora, sustentadora e portadora do mistério.
Esse ato não é ritual de submissão, é um exercício de consciência. É o homem se colocando em estado de humildade diante da energia que dá forma à vida. É o masculino aprendendo a servir o feminino não por obrigação, mas por entendimento. Quando isso é feito de verdade, sem teatralidade, o campo energético entre ambos muda. A mulher sente segurança, o homem se pacifica.
No xamanismo, tudo é troca de energia. Quem lava os pés se purifica também. A água limpa, mas também revela. Se há vaidade, orgulho ou segundas intenções, o ato perde o sentido. Se há verdade, o ato cura.
Quando o masculino lava os pés do feminino, ele está dizendo: “Eu reconheço o teu caminho, eu respeito a tua força, eu quero aprender com o teu mistério”. E quando a mulher permite que isso aconteça, ela também está dizendo: “Eu te permito acessar o sagrado sem precisar dominar”.
É um gesto simples, mas carregado de fundamento. É sobre desarmar o ego, limpar o orgulho e permitir que o sagrado volte a fluir entre homem e mulher com verdade e respeito.
Texto de Txai Sandro Waska
Instituto de Estudos e Práticas Xamanicas Pacha Kawsay 👽🙏🏻🍃🌎🌈