24/05/2022
Os mandatos mais profundos da nossa natureza, do nosso DNA, são a sobrevivência e a multiplicação. O cuidado com os filhos expressa a força da vida para se preservar. Por isso, vê-los comendo bem, é uma das maiores afirmações humanas.
O oposto - filhos que comem pouco, que recusam o alimento feito com carinho - é angustiante. E é daí que surgem a maioria dos problemas na alimentação das crianças.
Então, talvez o melhor conselho para pais preocupados com a nutrição seja: relaxem. Acreditem no seu filho. Ele tem equipamento biológico para comer o quanto precisa em cada momento da vida. Os hábitos que acabamos impondo, por ansiedade, causam problemas, em especial o excesso de peso, epidêmico no mundo.
É permitido pular refeições. Não almoçou? Janta. Crianças de 2 a 3 anos comem pouco, podem ficar o dia inteiro com migalhas. Comendo a cada duas horas, as crianças nunca sentem fome, e é tão bom comer com fome de verdade. Podemos focar na qualidade e deixar a criança definir o quanto quer comer. Sirva pequenas porções e veja se ela quer mais.
A criança pode comer sozinha, usando as mãos quando bebê e os talheres mais tarde. Autonomia é tudo de bom. Troque o cadeirão pela mesinha no chão assim que possível. Não precisa bater nada, ele vai mastigar logo que sentar ereto. No começo pode amassar com garfo, mas liquidificador e infância não combinam - destruir as fibras é péssima ideia, elas são essenciais para levar o alimento até o intestino grosso, residência principal do nosso microbioma, fundamental para a saúde.
Capriche nos vegetais: feijões e outras leguminosas, cereais, raízes, legumes e folhas, frutas, castanhas, nozes. Essa é a base de uma boa nutrição. Reduza proteínas animais - pela saúde e pela natureza.
Cuidado com os “suplementos" tipo Pediasure, Sustagen e outros. O principal componente é o açúcar ou maltodextrina, nocivos. Suprem calorias, mas são ultraprocessados, nada saudáveis. E pioram a aceitação de comida de verdade.
Faça da refeição um momento alegre, leve, de interação e contato com o ato de comer bem.
(Esse texto não se aplica a crianças atípicas ou com transtornos alimentares. Elas precisarão uma orientação multidisciplinar.)