11/12/2021
Existe um interesse muito claro (para quem se coloca a analisar mais profundamente) em deslegitimar o trabalho da Enfermagem. Ainda mais da Enfermagem Obstétrica. Reserva de mercado.
Outro dia ouvi uma colega enfermeira dizer algo muito pertinente, e que explica em parte, essa perseguição à Enfermagem Obstétrica. Ela disse que na área de estomoterapia, não há essa "briga" toda, simplesmente porque a medicina não gosta de tratar de feridas, ostomias, etc. Não "dá dinheiro". Já na Obstetrícia, o negócio muda. O exemplo clássico: quantos cesáreas consegue-se agendar numa manhã de trabalho? E quantos partos normais BEM ASSISTIDOS pode-se atender no mesmo período? É uma conta simples.
Vejam bem, essas discussões todas não tratam de diminuir médico X ou Y, e sim de questionar e refletir sobre o modo com que a classe presta assistência às mulheres/pessoas com útero.
Trata-se também de colocar que nenhuma classe profissional é inquestionável, sabe-tudo.
A enfermagem não tem problema em ser questionada, não se sente absoluta. Aliás, estimulamos que o paciente/cliente questione, vá atrás de entender o que se passa consigo, com sua saúde. Porquê sim, porquê não de cada decisão tomada. Isso é um dos princípios de uma boa assistência. Chequem (em fontes confiáveis) as informações que eu ou qualquer profissional forneça a vocês. Não há problema nisso gente!
Enquanto as pessoas não entenderem isso, pouco muda. Enquanto a assistência Obstétrica baseada em evidências (humanização do parto) for assunto só dos profissionais, esse quadro pouco muda.
Seguimos procurando construir um mundo onde essas discussões não sejam mais necessárias.
"Se não eu, quem? Se não agora, quando?"
Hilel, o Ancião