
11/05/2025
Hoje faz um mês que perdi meu pai. No dia 11 de abril de 2025 nos despedimos do grande Téo de Andrade, cuja voz e simpatia seguem cravadas em muitos corações, especialmente no meu. Um homem alegre, cheio de vida, otimista, persistente (pra não dizer teimoso), resiliente como um guerreiro, inteligente, curioso, competitivo. Fazia de tudo pra ganhar no xadrez contra meu marido e, nas disputas de general, surpreendia com astúcia, confiança e coragem. Mesmo diante do revés, mantinha-se fiel a seus valores e intuições. Nessa altura do campeonato, aos 76 anos de idade, já tinha aprendido um pouco mais sobre perder.
Ninguém gosta de perder, mas aprendemos – e só se aprende perdendo. Muitas vezes na marra, sentindo desconforto e se expondo ao risco. Mas será que de fato aprendemos a perder ou apenas suportamos?
Desde cedo nos ensinam a vencer. Quando tentam nos ensinar a perder, resistimos. Nos consultórios, pais dizem que seus filhos “não sabem perder”: frustram-se, dramatizam, se irritam. O protocolo inclui reforço positivo, reestruturação cognitiva, treino emocional, treino de pais. Com esforço, a reação melhora, mas o sentimento ruim da perda permanece – e sempre permanecerá. Se a perda tem valor, o sofrimento virá.
Volto à primeira frase: perdi meu pai. A essa perda por morte chamamos luto. Um processo único, subjetivo, intransferível. A ciência mostra que no luto o cérebro se desorganiza: o córtex pré-frontal entende racionalmente a perda, mas o sistema límbico (ligado ao apego) demora a aceitar. Isso gera instabilidade, confusão emocional e comportamental. Saber disso alivia a dor? Não. Mas ajuda a entender e fazer escolhas melhores.
Um luto saudável é possível. Não há fórmula, mas há caminhos: falar sobre, escrever, fazer terapia, mexer o corpo, ajudar e ser útil, viver uma espiritualidade significativa, manter-se em contato com o mundo.
Aprender a perder é uma lição 100% prática. E, se for difícil, pedir ajuda é necessário. A vida segue – com ou sem empurrão.