
29/04/2025
Na última quinta-feira fui convidado para poder trabalhar sobre o texto freudiano “Bate-se numa criança” (1919), com a perspectiva do “Fantasma na clínica psicanalítica”, que é o tema institucional da Maiêutica e também título das próximas Jornadas da instituição.
A experiência de retorno a este texto e a convocação sobre o que dizer dele, trouxe consigo toda a complexidade das formações da fantasia para o sujeito. E um pequeno trecho do que produzi tenta articular a fantasia freudiana e o fantasma lacaniano. Quando Freud aborda a segunda etapa da fantasia, aquela que transforma ‘‘uma criança é batida’’ por ‘‘eu sou batida pelo meu pai’’ e todas as construções possíveis disso, tomo que:
_E desse modo podemos retomar aquele que Freud traz como etapa mais importante desse movimento, que é a segunda parte, aquela que está inconsciente, e que dela podemos compreender o fantasma em Lacan. Essa cena, que é então suprimida e não por acaso, traz toda a carga, já mencionada anteriormente, sadomasoquista, e é a fase com alto grau de excitação sexual. E, a partir de então, a construção da fórmula do fantasma, onde é articulado aquilo que é atravessado pelo sujeito por amor neurótico e o gozo perverso com o desejo de ser batido/amado pelo pai. Onde a construção fantasmática entra como possibilidade de se lidar com a castração frente ao desejo incestuoso._
Contudo, trabalhar em torno desse texto, que está próximo ao momento de virada de Freud, com a vinda da segunda tópica, traz consigo a possibilidade de abordar diversos temas da teoria e prática clínica psicanalítica em que os trabalhos dos colegas Antonio e Vick puderam levantar, além de questões que surgiram no grande debate.
A psicanálise mostra toda sua riqueza e complexidade a cada leitura, releitura e escuta.