
02/08/2025
Quando a culpa nasce do que nos marcou demais
Às vezes, a culpa não vem de um erro real, mas de um momento em que algo nos afetou tão profundamente, que deixou marcas difíceis de entender. Há situações em que fizemos o melhor que podíamos — com o que sabíamos, com os recursos que tínhamos, com o emocional que nos restava. Mas, mesmo assim, o desfecho foi doloroso. E o que sobra, por dentro, é culpa.
Essa culpa não é lógica. Ela é emocional. Vem de um lugar onde nos sentimos impotentes, falhos, insuficientes. Às vezes, sentimos culpa por não termos conseguido salvar alguém, impedir algo, perceber a tempo. Outras vezes, por termos dito ou feito algo no calor de uma dor, ou por não termos dito nada quando o silêncio doeu demais.
Há também aquela culpa silenciosa que vem de ter sobrevivido a algo difícil, enquanto outros não conseguiram. Ou por ter seguido em frente, mesmo com pessoas do passado ainda presas a uma dor que você já deixou.
Em muitos casos, essa culpa é um eco de um trauma não resolvido. Ela se instala como uma forma de tentar “dar sentido” ao que machucou. “Se eu me culpar, talvez eu tenha algum controle sobre isso.” Mas a verdade é que a culpa, nesses casos, não repara, nem resolve — ela só prolonga o sofrimento.
É preciso olhar com compaixão para essas experiências. Reconhecer que, naquele momento, você fez o que dava. Que você não tinha como prever tudo. Que você também estava tentando sobreviver.
Curar essa culpa é, antes de tudo, acolher sua humanidade. É reconhecer sua dor sem se condenar por ela. É, aos poucos, transformar essa lembrança marcada pela culpa em uma experiência que possa ensinar — sem mais punir.
essas palavras com alguém que necessita .
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Sueli Salamoni
Psicóloga/ Neuropsicóloga
CRP:06/113946
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