
26/05/2025
O recurso é reflexo
dos olhos amarelos atentos de viver
em síntese de liberdade e silêncio
que rasga a pele no grito
e foge
Foge para continuar sendo
água ocular fluindo Exu
vento de pulmão soprando Iansã
sobre terra Hekatina de carne, ossos, unhas e cabelos
nas chamas febris de Baba Yaga
Foi o sangue
e é
este entre os dedos
e o que escorre entre as pernas
no emaranhado de palavras desejosas de serem achadas
Suplicadas
nada contam
e jamais descreverão
a imagem que amplif**a o real e vê além - no indizível -
enquanto insiste em desafiar o ser-racional...
E desafia a coerência
E desafia a beleza
Desafia até a poesia!
E se perde quando se encontra
na sóbria dor de ser ferida
pela curva afiada de quem ousou tutelar.
Mas algo de cuidado parece morar nesse paradoxo
do excesso - esta intenção narcísica sem linhas e contornos da subjetividade de lá
da indiferença - aquela discreta, protocolar, adornada de falsa implicação.
O pôr do sol foi avermelhado hoje
e revelou que indiferença machuca mais que garra afiada de gata selvagem pejada fugindo,
com seus olhos amarelos,
enquanto me ensina:
Cuidar é, antes,
sobre espelho de ver dentro.
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Fernanda Almada
Uberaba/MG
25/05/2025
21:07h