27/09/2018
Acidentes em banho e tosa
Além de constituírem ameaça à saúde dos animais, os acidentes em Pet Shops podem prejudicar em muito o estabelecimento, causando conflitos com os proprietários e prejuízos por reparação financeira ou perda da clientela. Qualquer que seja a causa - negligência, desinformação, despreparo ou distração - o fato é que é preciso reduzir os riscos ao mínimo, quando não, elimina-los.
A maior incidência dos acidentes ocorre durante o banho ou a tosa e conhecer os problemas, orientar os funcionários ou melhorar as instalações, são algumas das maneiras de evitar esses problemas.
Veja os casos mais comuns:
1) Úlcera de córnea - provocada pelo calor do secador, produtos químicos, trauma com escovas, pentes e rasquiadeiras. Após algumas horas ou no dia seguinte, o animal apresenta um quadro de blefaroespasmo (fechamento voluntário das pálpebras em resposta à dor e incômodo) e se constata pelo teste com fluoresceína a presença de úlcera de córnea.
2) Intermação ("Heat Stroke") - distúrbio polissistêmico bastante comum, também causado pelo calor. É muito grave, pois coloca a vida do animal em risco. Pode acometer qualquer animal, mas os cães braquiocefálicos, os filhotes, os idosos e os mais agitados são os mais predispostos. Geralmente a intermação está associada a água muito quente, ambiente úmido, quente e pouco ventilado, secador muito quente e/ou próximo do animal e ao hábito de secar o animal dentro de gaiolas. Ocorre porque o animal não faz a troca de calor com o ambiente na medida necessária. Desenvolve-se então a hipertermia (aumento da temperatura corpórea) com conseqüente necrose celular, podendo ocorrer o choque hipovolêmico, edema pulmonar, edema cerebral, falência renal, entre outros. O animal vai a óbito rapidamente, sem que se possa intervir a tempo.
3) Quedas - (da mesa, da banheira ou do colo do funcionário) - As quedas são freqüentes. Filhotes e cães de raças pequenas (Chihuahua, Pinscher) são os mais frágeis. Diversas lesões podem ocorrer (fraturas, entorses, luxações) e até a morte do animal, especialmente se ele cair da mesa preso pelo pescoço a uma guia de contenção ("enforcamento"). Este tipo de acidente geralmente ocorre por distração.
4) Feridas - são causadas pela lâmina de tosa e também por tesouras, pentes ou rasquiadeiras. Muitas vezes requerem sutura e existe o risco de infecção no local.
5) Intoxicações - ocasionadas pelo uso inadequado de substâncias no tratamento de sarnas e infestações por ectoparasitas. Ocorrem por erro na diluição do produto, por contato com mucosas ou por ingestão acidental por lambedura.
6) Choques elétricos - incomuns, mas podem ocorrer. Especialmente quando o animal molhado entra em contato com fios desencapados, fruto de instalações inadequadas.
7) Queimaduras - em geral causadas pelo calor do secador, porém podem ocorrer por causa da alta temperatura da água ou por choques elétricos.
8) Maus tratos - embora inimagináveis, podem ocorrer. É comum culpar o animal - "ele me mordeu" , "ele não pára quieto" , mas o erro é humano.
9) Ectoparasitas - não é um caso de urgência veterinária, mas é desagradável entregar um animal antes livre de ectoparasitas e recebe-lo infestado. Pulgas são transmissoras de parasitas e podem desencadear reações alérgicas. Carrapatos são potenciais transmissores de doenças como Erlichiose e Babesiose, entre outras. A falta de higiene e/ou uso comum de tesouras, gaiolas, pentes, escovas, pinças podem transmitir ácaros, dermatófitos, bactérias e leveduras.
10) Viroses - as gaiolas, comedouros, bebedouros, entre outros, são agentes de transmissão de viroses. Os filhotes sem imunização completa correm maior risco. Recomendam-se banhos e tosas somente em animais com o esquema vacinal completo.
O sedativo em banho e tosa só deve ser utilizado em casos de extrema necessidade.
Exemplo: um animal muito agressivo que não permite o manuseio com contenção física (mordaças, focinheiras). Ainda assim, é necessário avaliar a necessidade da sedação e do procedimento (banho ou tosa) e a condição física do animal (idade, raça, doenças, etc) para que seja escolhida a droga mais adequada e segura. Além disso, o proprietário do animal deve ter ciência dos riscos inerentes e assinar um termo de autorização.
Qualquer atividade a ser realizada, mesmo um banho aparentemente "inocente", deve ser tratada com profissionalismo e responsabilidade, visando à saúde e integridade do animal, sem esquecer que estão envolvidos sentimentos de pessoas idosas, crianças ou simplesmente um adulto afeiçoado ao seu pet.