Claudiana Correntino - Psicóloga

Claudiana Correntino - Psicóloga Em análise não se ouve: “eu também passei por isso”, mas sim “fale-me mais sobre a tua angústia.

A atração por quem nos rejeita é um enigma universal que a psicanálise ajuda a decifrar, mostrando que essa dinâmica diz...
06/11/2025

A atração por quem nos rejeita é um enigma universal que a psicanálise ajuda a decifrar, mostrando que essa dinâmica diz mais sobre nós do que sobre o outro. O principal motor dessa atração é a ferida narcísica: quando somos rejeitados, nosso ego idealizado é ameaçado, e nos mobilizamos para provar nosso valor, buscando a validação daquele que a nega. Além disso, a indisponibilidade, na visão Lacaniana, transforma o outro em um “Outro” inatingível, e é essa falta que alimenta o desejo. Muitas vezes, essa escolha é a repetição inconsciente de padrões relacionais arcaicos, como a busca por afeto de pais emocionalmente indisponíveis, tentando, finalmente, ser escolhido. Paradoxalmente, o desejo pelo indisponível pode ser uma estratégia de autoproteção, um medo da intimidade, pois o objeto que nunca será nosso evita os riscos da entrega e da perda em um relacionamento real. Em suma, o amor pelo indisponível é um jogo inconsciente que nos convida a olhar para dentro: qual ferida buscamos curar e o que estamos tentando provar ao buscar validação em quem não está disposto a dá-la?

A psicanálise sustenta uma ética radicalmente distinta das propostas pedagógicas e da autoajuda. O profissional no divã ...
04/11/2025

A psicanálise sustenta uma ética radicalmente distinta das propostas pedagógicas e da autoajuda. O profissional no divã não ocupa a posição de mestre que detém as chaves para a felicidade padronizada ou para o sucesso social.
A função do analista não é indicar “o que fazer” ou prescrever o modo ideal de ser. Afinal, a psicanálise não visa a adaptação, mas a subjetivação.
• Não se trata de produtividade: O foco não está em maximizar o desempenho do analisando no mundo, mas em permitir que ele interrogue o que o move e o que o paralisa. O analisando não é um recurso a ser otimizado.
• Não se trata de um manual de vida: A análise não oferece um guia de “como viver” ou fórmulas prontas. Ela oferece um espaço vazio e, por isso, fecundo onde o sujeito pode, pela via da fala, se haver com a sua singularidade e com o que há de impossível em sua existência.
• Não se trata de ensinar a ser feliz: A “felicidade” como imperativo moderno é frequentemente uma armadilha. A clínica busca algo mais profundo: desvelar o desejo inconsciente e permitir que o sujeito assuma a responsabilidade por ele, mesmo que isso implique reconhecer o mal-estar como parte estruturante da vida.
O analista atua como um catalisador que, por sua escuta e intervenções, visa justamente o colapso do suposto saber sobre o próprio sujeito. Ele está ali para sustentar a transferência e a travessia do analisando, permitindo que novos significantes emerjam e que o sujeito se autorize a inventar a sua própria maneira de lidar com o real.
A busca é pelo desejo, e não por receitas.

A associação livre é um dispositivo teórico simples, mas que na prática representa um grande desafio, especialmente para...
03/11/2025

A associação livre é um dispositivo teórico simples, mas que na prática representa um grande desafio, especialmente para quem tem a necessidade de controlar as situações.
É frequente o relato de queixas como: “Saio da sessão sem saber por onde retomar”, “Não sei onde paramos”, ou “Devia ter anotado os pontos importantes para pensar depois”. A sensação é de que algo essencial foi perdido ou esquecido.
É neste momento que a insistência se torna crucial: confie no inconsciente.
Aquele tema que parecia ser de importância máxima e que você não lembrou ou não conseguiu verbalizar na hora? Não se preocupe. Se ele é de fato significativo para o seu processo, ele inevitavelmente voltará à tona, ainda que de maneiras diferentes e inesperadas.
A regra fundamental é simples: continue a falar o mais abertamente possível, sem censura e sem buscar uma lógica pré-estabelecida. Permita que a fala flua, e o inconsciente fará o trabalho de trazer de volta o que é necessário.

Estamos cada vez mais delegando decisões, gostos e até mesmo a “escuta” a algoritmos. A Psicanálise nos convida a questi...
31/10/2025

Estamos cada vez mais delegando decisões, gostos e até mesmo a “escuta” a algoritmos. A Psicanálise nos convida a questionar: quem somos nós na era da IA?
Freud nos ensinou que o Inconsciente é a sede dos nossos desejos mais profundos, medos e traumas. É aquilo que escapa ao nosso controle consciente. Mas, e se o algoritmo também tiver acesso a algo que se assemelha a um “inconsciente”?
A IA como um Espelho:
Os sistemas de recomendação, o feed que você vê, são treinados com base nas suas escolhas, cliques e palavras. Eles conseguem prever nossos próximos passos e até mesmo os nossos anseios de consumo.
Será que o algoritmo conhece nossos padrões, nossas repetições e nossas fantasias melhor do que a nossa própria consciência? Ele não alcança o desejo genuíno, mas pode espelhar a nossa compulsão à repetição – o eterno retorno às mesmas escolhas, as mesmas selfies, o mesmo tipo de conteúdo.
O Risco da Dissolução do Sujeito:
Ao confiar cegamente na IA para “otimizar” a vida, corremos o risco de calar a nossa própria voz interna – o lugar da dúvida, do conflito, do desejo. A IA faz o genérico, o repetitivo. O humano, o singular, o que falha e sonha, fica de lado.
O trabalho do sujeito é justamente diferir do algoritmo, criar o inesperado, enfrentar o que está recalcado. A análise é um convite para sair do trilho previsível da máquina e escutar o seu próprio desejo, que nunca cabe em um código binário.

A ideia de um “eu puro” é sedutora, mas a realidade da psicanálise nos mostra que somos um tecido complexo, urdido na re...
29/10/2025

A ideia de um “eu puro” é sedutora, mas a realidade da psicanálise nos mostra que somos um tecido complexo, urdido na relação com o Outro.
Se o relacionamento mais crucial é, de fato, consigo mesmo, ele jamais será um diálogo solitário. Dentro de nós, ecoam as vozes, os desejos, as expectativas e as marcas de todos aqueles que nos constituíram: pais, cuidadores, figuras de autoridade e amores.
Não somos seres estanques; somos um palco onde as peças de muitos outros são encenadas.
Reconhecer que estamos “cheios de outros” (e que esses outros são, por vezes, contraditórios e conflitantes) não é uma fraqueza, mas sim o ponto de partida para a verdadeira autodescoberta.
Viver bem é, fundamentalmente, ser capaz de orquestrar essas múltiplas presenças internas. É negociar, reconciliar e dar um lugar a cada uma delas, sem se perder no coro.

Amar é também projetar.É ver no outro o reflexo das nossas faltas, dos nossos ideais, dos nossos próprios desejos incons...
20/10/2025

Amar é também projetar.
É ver no outro o reflexo das nossas faltas, dos nossos ideais, dos nossos próprios desejos inconscientes.
O amor nasce nesse espaço entre o real e o imaginado, entre quem o outro é e quem gostaríamos que ele fosse.
Por isso, amar implica sempre um certo engano: acreditamos conhecer o outro, quando, na verdade, nos encontramos diante de nós mesmos.
Reconhecer essa ilusão não torna o amor menor.
Pelo contrário, é nesse encontro entre a fantasia e o real que o amor pode se tornar mais verdadeiro, mais humano, mais consciente.

“Arranhe o adulto e você encontrará a criança.”(Ferenczi, 1909) Em cada adulto habita uma criança que um dia precisou se...
15/10/2025

“Arranhe o adulto e você encontrará a criança.”
(Ferenczi, 1909)

Em cada adulto habita uma criança que um dia precisou se defender, calar, amadurecer antes da hora.
Essa criança não desaparece com o tempo. Ela se manifesta nos afetos, nas relações, nos medos e nas repetições inconscientes que insistem em retornar.

O processo analítico é em parte um encontro com essa criança interna, não para culpá-la ou corrigi-la, mas para escutá-la e permitir que o adulto de hoje compreenda o que antes foi vivido sem palavras.

Reconhecer essa criança é reconhecer a própria história, com suas marcas e afetos. É dar lugar ao que ficou silenciado, para que o sujeito possa existir de forma mais inteira.

Você já se fez essa pergunta? Na psicanálise, a procrastinação não é apenas faltade vontade ou “preguiça”. Ela pode ser ...
14/10/2025

Você já se fez essa pergunta? Na psicanálise, a procrastinação não é apenas falta
de vontade ou “preguiça”. Ela pode ser um sintoma, uma forma do inconsciente
dizer algo.
Procrastinar pode ser:
•Uma resistência inconsciente, uma maneira de evitar algo que causa angústia.
• Um medo do fracasso ou até do sucesso, que paralisa.
• Um ato de autopunição, quando há culpa inconsciente envolvida.
• Ou ainda, uma tentativa de manter o controle, adiando o inevitável.
Quando adiamos algo, não estamos apenas adiando a tarefa, mas também o
encontro com o que ela desperta dentro de nós.
A psicanálise nos convida a olhar para o que está por trás desse
adiamento:
• O que essa tarefa representa?
• Que medo ou desejo está escondido aí?
• O que você evita sentir quando diz “depois eu faço”?

Procrastinar é, muitas vezes, a forma que o inconsciente encontra de falar quando
ainda não conseguimos escutá-lo.

Buscar terapia é reconhecer que viver não é algo simples ou linear. Cada pessoa carrega contradições, dúvidas, fragilida...
10/10/2025

Buscar terapia é reconhecer que viver não é algo simples ou linear. Cada pessoa carrega contradições, dúvidas, fragilidades e desejos que nem sempre fazem sentido de imediato. O processo terapêutico cria um espaço onde tudo isso pode ser dito e pensado sem a obrigação de se encaixar em padrões. É uma forma de existir com mais escuta e menos cobrança, entendendo que os conflitos não são sinais de erro, mas parte da experiência de ser humano.

Perder nos mostra o papel invisível que certas pessoas, experiências ou hábitos desempenhavam em nossa vida. Sob a persp...
09/10/2025

Perder nos mostra o papel invisível que certas pessoas, experiências ou hábitos desempenhavam em nossa vida. Sob a perspectiva psicanalítica, essa percepção da falta é um convite ao autoconhecimento, à reflexão sobre nossos vínculos e à possibilidade de reorganizar nossa vida emocional de forma mais consciente.

Na perspectiva psicanalítica, o amor nos coloca diante de uma experiência de desamparo semelhante àquela vivida na infân...
07/10/2025

Na perspectiva psicanalítica, o amor nos coloca diante de uma experiência de desamparo semelhante àquela vivida na infância. Amamos a partir da falta, buscando no outro algo que acreditamos poder nos completar. Essa ilusão de completude nos remete à relação primordial com as figuras parentais, quando dependíamos totalmente do olhar e do cuidado do outro para existir.

O amor reativa essa necessidade de ser visto, desejado e reconhecido, revelando o quanto ainda somos movidos por desejos inconscientes que se formaram nas primeiras experiências afetivas. Amamos não apenas quem está diante de nós, mas também os traços infantis que projetamos nele.

Por isso, o amor nos infantiliza: porque nos coloca novamente na posição de quem espera, de quem deseja e de quem teme perder o amor do outro. Ao mesmo tempo, é nessa repetição que se abre a possibilidade de amadurecimento, quando conseguimos amar sem nos anular e reconhecer que o outro não veio para nos completar, mas para nos confrontar com nossa própria falta.

Endereço

Rua Eduardo Marquez, 756./B. Martins Clínica Arvorecer
Uberlândia, MG
38400442

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