06/11/2025
A atração por quem nos rejeita é um enigma universal que a psicanálise ajuda a decifrar, mostrando que essa dinâmica diz mais sobre nós do que sobre o outro. O principal motor dessa atração é a ferida narcísica: quando somos rejeitados, nosso ego idealizado é ameaçado, e nos mobilizamos para provar nosso valor, buscando a validação daquele que a nega. Além disso, a indisponibilidade, na visão Lacaniana, transforma o outro em um “Outro” inatingível, e é essa falta que alimenta o desejo. Muitas vezes, essa escolha é a repetição inconsciente de padrões relacionais arcaicos, como a busca por afeto de pais emocionalmente indisponíveis, tentando, finalmente, ser escolhido. Paradoxalmente, o desejo pelo indisponível pode ser uma estratégia de autoproteção, um medo da intimidade, pois o objeto que nunca será nosso evita os riscos da entrega e da perda em um relacionamento real. Em suma, o amor pelo indisponível é um jogo inconsciente que nos convida a olhar para dentro: qual ferida buscamos curar e o que estamos tentando provar ao buscar validação em quem não está disposto a dá-la?