17/06/2024
Eu era menina quieta, tímida, assustada. Não dizia o que queria. Na mesma medida em que a boca calava os olhos diziam tanta coisa.
Foi assim que, um certo dia, reconheci esses mesmos olhos na minha menina. Ela que é tão serelepe em casa, se assustava facilmente no mundo aqui fora.
Como pode algo se repetir assim?
Mas se comigo, quando criança eu não tinha condições de perceber, para ela eu poderia fazer algo.
Foi assim que, com muito trabalho interno (com suporte da minha terapia) eu me revirei, angustiei, mas também pude me movimentar. Para ela eu falo, reivindico cuidado, luto por um ambiente fora de casa que possa respeitá-la, que possa perceber sua singularidade e que também a estimule a alçar seus próprios voos, para que possa se sentir segura e livre para ser quem é.
Foi assim, que cuidando da minha filha, também tenho a oportunidade de cuidar da menina que fui, que ainda mora em mim. Agora menos assustada, caminhando passinho por passinho, abrindo o espaço interno para que se permita ampliar os horizontes.
A maternidade inaugurou tantos sentimentos e movimentos em mim e por isso é transformadora porque na medida em que luto pro um mundo melhor para minha filha, este mundo f**a melhor para mim também, e para muitas de nós.
Sigo nesta revolução cotidiana através do amor 🤎🌱
Marcela
*brincando de escrever com a , com o tema maternidade