
22/07/2025
A saúde mental não se limita apenas a desequilíbrios neuroquímicos. Um número crescente de pesquisas aponta a inflamação como um fator relevante na fisiopatologia de diversas condições psiquiátricas, como depressão, esquizofrenia e transtorno bipolar.
Essa perspectiva amplia o olhar sobre as origens e as possibilidades terapêuticas desses transtornos.
Um dos achados mais promissores nesse campo é o conceito do eixo intestino–cérebro, uma via de comunicação complexa entre o sistema digestivo, o sistema nervoso e o sistema imunológico.
Estudos têm demonstrado que a microbiota intestinal — o conjunto de microrganismos que habitam o intestino — pode influenciar diretamente o funcionamento cerebral.
A disbiose intestinal (desequilíbrio na composição da microbiota) pode induzir a ativação de respostas inflamatórias sistêmicas e no sistema nervoso central, e estaria associada a mudanças no comportamento, no humor e na cognição.
Revisões sistemáticas identificaram alterações na composição da microbiota intestinal em indivíduos com transtornos como esquizofrenia, depressão maior e transtorno bipolar.
A partir dessas descobertas, surgem novas possibilidades terapêuticas, como o uso de psicobióticos (probióticos com efeitos sobre a saúde mental), medicamentos imunomoduladores e estratégias nutricionais voltadas para a modulação da inflamação e da microbiota intestinal.
Os pesquisadores ressaltam que ainda são necessárias mais investigações para compreender com maior profundidade os mecanismos envolvidos.
Mesmo assim, é possível afirmar que a interação entre sistema imunológico, microbiota e cérebro representa um avanço significativo na compreensão dos transtornos mentais, abrindo caminho para abordagens mais integradas, personalizadas e eficazes no cuidado à saúde mental.
Referência:
OUABBOU S. et al. DOI: 10.1007/s12264-020-00535-1
Dra. Marcia B. Macedo Soares
CRM: 62264-SP / RQE: 78546
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