
23/06/2025
Há muito tempo, comemorar meu aniversário passou a signif**ar me vestir de um sorriso amarelo, sem me sentir de fato feliz.
Lembro exatamente quando comecei a me sentir um fardo por existir.Não foi um único fato, mas a junção de vários deles, me fizeram por anos, não me sentir inteira. No meio da maternidade precoce, e entre tantas rupturas, eu me perdi.
Levei anos pra entender por que me sentia assim. Precisei de muita terapia pra cavar fundo e chegar na raiz — e isso dói. Cresci cercada por mulheres incríveis, e minha mãe foi gigante.
Mas a verdade - que eu demorei tanto a encarar -, é que quando você vive com a sombra de um abandono, como o que eu vivi pelo meu pai, você cresce achando que você não é o suficiente para ser amada (mesmo recebendo tanto amor de quem ficou).
Não era falta de amor. Era o peso da insuficiência que cresceu comigo.
Às vezes discreta, às vezes escancarada. Isso moldou minhas relações: medo de ser deixada, necessidade de ser útil, dificuldade de dizer não. Me tornei alguém que sabia fazer os outros felizes, mas não sabia muito sobre si.
Aí você tem dois caminhos: ou se enche de amor próprio, ou vive tentando caber em lugares e pessoas, buscando o amor que você tanto esperou — e tentando impedir que mais alguém vá embora.
Demorei anos pra perceber que o abandono dizia mais sobre quem partiu do que sobre mim. E confiei que Deus traria a virada no tempo certo.
E trouxe.
Durante essa Quaresma, Ele me tocou de um jeito tão profundo, tão doloroso e tão libertador, que em 40 dias eu desmoronei e me reconstruí. E pela primeira vez, me senti em paz com quem eu sou.
Hoje, eu celebro os 32 com o coração leve. Um ciclo novo, real, pleno. Com amor que vem de fora, mas que, enfim, vem de dentro também. 🌻❤️