01/03/2018
Ter receio de procurar uma psicóloga, expor sua história, seus problemas, seus desejos, suas fragilidades mais íntimas é algo muito comentado e também estudado. É verdade que todos nós podemos sentir ansiedade antes de enfrentar uma situação assim com um desconhecido. Também é verdade que esse medo não é algo que deve ser tratado como irracional ou como característica de quem não quer resolver seus problemas. É preciso compreender o que produz o medo e a ansiedade. Certamente quem está sofrendo, ou com alguma dificuldade em uma área da vida já fez diversas tentativas para mudar o que está acontecendo.
Mas, também é sabido que o processo psicoterapêutico é guiado por conhecimentos e técnicas específicas e reconhecidas como eficazes para abordar uma série de problemas humanos relacionados ao que chamamos de saúde mental ou emocional. Então, o que pode tornar tão difícil o acesso de mais pessoas a esse serviço?
Certamente, cada pessoa tem diversos motivos particulares para não fazer psicoterapia. Porém, o que gostaria de discutir hoje é algo não tão comentado como fator decisivo para uma grande parcela da população: o preço.
Claro que muitas pessoas com poder aquisitivo elevado podem usar o preço como uma forma de esquivar do processo, o que esconderia outras razões – por vezes desconhecidas até pela própria pessoa. Entretanto, vamos olhar um pouquinho para a realidade. Na cidade de Londrina, na qual atendo, 36,4% das pessoas que residem no município tem renda inferior a R$ 510,00 e aproximadamente 68% , inferior a R$ 1020,00 (IBGE, 2010). Dentro de um orçamento que inclui água, luz, alimentação, gás, educação, saúde, vestimentas e muitas vezes aluguel e condomínio, sem contar o direito ao lazer, como quase 70% da população poderia pagar uma psicoterapia particular? Aliado a isso, sabemos que as mulheres são as que mais procuram atendimento psicológico e no Brasil, chegam a ganhar 30% a menos que os homens.
O acesso a serviços de saúde mental é um direito de todas e todos, mas ainda não é uma realidade. A inserção da psicologia nas políticas públicas de saúde, assistência social e educação é recente em relação a história da psicologia. Para tentar equilibrar um grãozinho na balança da desigualdade, ajudem, sempre que possível, a divulgar serviços públicos ou de outras fontes gratuitas.
Nas unidades básicas de saúde (UBS), famosos postinhos, há atendimentos psicológicos individual ou em grupo. Quando não há, os profissionais destes local podem te encaminhar para outros serviços que disponham desses atendimentos. Neste site você encontra os telefones das UBSs que você pode ligar e se informar sobre isso: http://www.londrina.pr.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=93&Itemid=618
As universidades com cursos de psicologia também oferecem serviços psicológicos nas suas clínicas escolas. Deixo uma lista com telefone das clínicas escola que conheço na região.
Londrina:
Universidade Estadual de Londrina (UEL) (43) 3371-4237
UniFil: (43) 3375-7552/(43) 3375-7551
Unopar: (43) 3371-7969
Faculdade Pitágoras (43) 3373-7359
Maringá:
Universidade Estadual de Maringá (UEM) (44) 3011-9070
Unicesumar (44) 3027-6360 | Ramal: 1150
Além desses locais, diversas clínicas, institutos e profissionais de psicologia oferecem atendimentos sociais (me incluo nessa categoria). Você pode procurar por indicações de projetos e atendimentos assim. Se você possui plano de saúde, busque se informar sobre a oferta de psicoterapia.
Mesmo com essas opções, ainda é difícil atender todo contingente de pessoas que precisam de atendimento psicológico. Nossa profissão não se valorizará apenas com a diminuição do preconceito de fazer terapia. A valorização da nossa profissão passa pela luta diária da democratização do acesso aos nossos serviços. Isso não quer dizer que devemos trabalhar de graça ou por salários precarizados, mas sim ter uma postura atuante quanto a melhorias nas condições de vida das brasileiras e brasileiros além de maior valorização e inserção da psicologia nas políticas públicas.
Se você conhece algum serviço que não consta neste post, comente e deixe sugestões para ampliarmos nossa rede! Já teve alguma experiência com essa questão? Comente aqui também ;)