
29/08/2025
Para escrever um pitaco sobre essa obra, há de se pedir licença.
Uma leitura que exige um tempo distinto daquele ditado apenas pela extensão do conjunto de páginas, mas pela distância que os caminhos dessa história nos levam a trilhar pedindo por conversas profundas com Kehinde, uma das protagonistas mais complexas da literatura brasileira contemporânea: mulher, preta, africana, mãe e guardiã.
Uma ode à identidade, à cultura e ao reconhecimento de uma terra rebatida que carrega no âmago o segredo e a magia do Brasil.
Assim como todas as histórias humanas nos ensinam sobre a complexidade e detalhamentos da vida, coletiva e singular, esta ainda costura a história colonial latina com linhas torridas de toda a força, toda a dor e todo o sofrimento que ela carrega.
Não há como passar por essas páginas e sair ilesa do caldo de água salgada, do mar, das lágrimas e do suor humano.
Nesse território sagrado, devemos ser aprendizes aplicados. Bahia é professora ancestral.
E esse livro de Ana Maria Gonçalves é um convite de carta marcada ao retorno e à compreensão de que, nessa vida de carne e osso, a alma invisível busca se pintar… para aparecer aos cegos de alma.