09/09/2024
O silêncio é importante pra c***
O silêncio é uma presença poderosa e, muitas vezes, subestimada e indesejada. Em uma sociedade que valoriza a produtividade e está cada vez mais ruidosa, a capacidade de abraçar o silêncio torna-se um recurso essencial para a saúde mental e o bem-estar.
O silêncio pode ser visto como uma resistência ao ritmo acelerado que nos é imposto. É um atrevimento ou uma insubordinação, um ato quase subversivo quando nos oferece a oportunidade de desacelerar, de nos desligarmos dos estímulos externos e nos voltarmos para o nosso mundo interior.
Em um diálogo, o silêncio é o contraponto que nos oferece a escuta. É o tempo de compreender, um espaço para refletir, processar e entender nossas experiências. Ele é o Yin para o Yang da palavra. É o escuro, a absorção, o feminino, a passividade, o delicado, a acolhida... É uma forma de ouvir o outro com mais atenção, de respeitar seu espaço e a única via possível de se permitir que a comunicação aconteça.
É um retorno a uma forma de estar no mundo que privilegia a presença. Ou seja nem tudo precisa ser palavra, às vezes o simples ato de estar presente é o suficiente. Na verdade, só existe palavra porque o silêncio corta as letras, delimita e dá forma. E só existe “a gente” porque o silencio cria espaço para a “gente” existir. É ali que o sujeito aparece, onde há silêncio... ali, entre as palavras.
O silêncio não é uma ausência, mas um espaço carregado de signif**ado. É uma terra fértil e pode ser tão revelador quanto as palavras. É o espaço necessário para que o sujeito se encontre consigo mesmo.
O silêncio, nesse contexto, pode ser visto como uma espécie de "chave" que abre a porta para o inconsciente. Ele cria um espaço onde o sujeito pode confrontar seus próprios pensamentos, medos e desejos sem a interferência imediata do outro. Isso é especialmente importante na clínica, onde o analista deve se abster de oferecer respostas ou interpretações rápidas, permitindo que o analisando encontre suas próprias verdades.