30/08/2025
No verão de 1919, conhecido como Red Summer, a violência racial espalhou-se como fogo pelos EUA. Multidões brancas atacavam comunidades negras, deixando linchamentos, incêndios e corpos nas ruas. Era um tempo de ódio transbordado, e também de resistência.
No meio desse caos, um poeta nascido na Jamaica levantou a voz com palavras que não pediam compaixão, mas dignidade. Claude McKay escreveu um soneto que não era arrependimento, mas desafio. Um grito que atravessou gerações e virou hino:
Se tivermos que morrer
Se temos que morrer, que não seja como os porcos.
Caçados e encurralados em um lugar ignominioso,
Enquanto à nossa volta os cães raivosos nos perseguem
zombando da nossa condenação.
Se tivermos que morrer, oh, que seja nobreza.
para que o nosso precioso sangue não seja derramado em vão;
então até os monstros que enfrentamos
serão forçados a nos honrar, mortos como estaremos.
Oh, irmãos! Temos de enfrentar o inimigo comum.
embora em menor número, sejamos corajosos
E a cada golpe mortal, mesmo que seja mil contra um,
Vamos arrancar uma vida antes de cair.
O que nos espera senão o túmulo aberto?
Como homens, enfrentaremos a matilha assassina e cobarde.
encurralados contra a parede, morrendo... mas lutando!
Estas linhas não foram um simples poema. Eles eram um manifesto de resistência. Um lembrete de que mesmo à beira da morte, a dignidade pode ser uma arma. McKay não ofereceu conforto, mas orgulho.
Seu soneto percorreu jornais, comícios e ruas, inspirando o Renascimento de Harlem e gerações que compreenderam que, mesmo quando o inimigo parece invencível, a última palavra pode ser nossa.
Claude McKay nos deixou uma verdade eterna: morrer é inevitável, mas a forma como a morte encara pode mudar o curso da história.
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