16/01/2025
O dependente químico que não tem intenção de parar de usar muitas vezes assume o papel de um manipulador habilidoso, utilizando as emoções, os medos e a vulnerabilidade de sua família para manter o ciclo do uso ativo. Ele se torna capaz de transformar promessas vazias em esperanças, justificativas em verdades absolutas e até mesmo seus próprios erros em culpa para os outros carregarem. A família, fragilizada pelo amor e pela vontade de ajudar, muitas vezes não percebe que está sendo conduzida por um sistema de manipulação tão sutil quanto destrutivo.
Esse tipo de manipulador convence seus entes queridos de que suas atitudes destrutivas são apenas “fases” ou “momentos difíceis”, desviando o foco da responsabilidade pessoal. Ele transforma correntes em joias, fazendo com que a codependência pareça um ato de amor incondicional, enquanto explora a empatia de quem só deseja vê-lo bem. Em casos mais graves, ele constrói prisões emocionais tão fortes que seus próprios carrascos a família acabam se culpando por não conseguirem “salvá-lo”.
No ápice dessa manipulação, o dependente químico pode fazer com que seus familiares defendam suas atitudes, mesmo quando isso significa permitir sua própria destruição. Eles acreditam que, ao oferecer mais ajuda, mais dinheiro ou mais perdão, poderão reverter a situação. Enquanto isso, o manipulador continua usando essas concessões para alimentar o vício, evitando mudanças reais ou a busca por tratamento.
Esse ciclo não apenas corrói as finanças e a estrutura emocional da família, mas também reforça a ideia, na mente do dependente químico, de que ele pode continuar sem assumir as consequências de suas escolhas. Romper esse padrão exige coragem e clareza por parte da família, que precisa aprender a estabelecer limites firmes, reconhecer os sinais de manipulação e buscar ajuda especializada, tanto para o dependente quanto para si mesma. Afinal, o amor verdadeiro não é conivente com a destruição, mas sim comprometido com a reconstrução mesmo que isso signifique tomar decisões difíceis.
Gabriela Abdalla
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