
27/09/2018
Você sabia?
O processo de trabalho de parto desencadeia em nosso corpo uma descarga de hormônios. Um desses hormônios, o principal, responsável pelas contrações uterinas é a ocitocina. As contrações por si, fazem com que o colo uterino se dilate e possibilite a passagem do bebê pelo canal de parto.
Esse mesmo hormônio, chamado por muitos profissionais de hormônio do amor, também está presente no orgasmo feminino, além de ser responsável pela ejeção do leite materno e pelo fortalecimento do vínculo entre mãe e bebê.
A ocitocina é um hormônio natural, liberado durante o trabalho de parto, portanto numa situação em que o trabalho de parto evolui dentro do esperado, não é necessário nenhuma intervenção ou a administração de mais hormônio, por exemplo. A medida que o trabalho de parto avança a descarga de ocitocina aumenta de forma gradativa, fazendo com que as contrações aumentem e fiquem mais intensas e mais ef**azes.
Quando administrado a ocitocina sintética na mulher em trabalho de parto, o que normalmente é feita por via intravenosa, a mulher passa a sentir contrações mais intensas e dolorosas. Num geral, o trabalho de parto causa dor devido a dilatação, mas com essa intervenção o processo f**a ainda mais intenso e doloroso.
Existem diversas formas de ajudar que corpo da mulher trabalhe à favor do processo de trabalho de parto. Deixá-la relaxada, confiante, num ambiente tranquilo, confortável, com privacidade, oferecendo à ela métodos de alívio à dor não "medicamentosos", são exemplos.
Há também meios de ajudar na liberação de ocitocina, como estimular as mamas com bombinhas de extração de leite materno, ou até mesmo um beijo na boca, e principalmente muito amor. A ocitocina é chamada de hormônio do amor, e não é por acaso.
Como o trabalho de parto natural e sem intervenções pode ser um pouco mais demorado, alguns médicos, visando acelerar o processo do trabalho de parto, ministram o famoso "sorinho", que contém a ocitocina sintética. Porém, isso faz com que as contrações se tornem excessivas e extremamente dolorosas, o que pode levar ao que chamamos de efeito em cascata.
Com dores mais fortes a mulher tende a não suportar tão facilmente o processo, muitas vezes a deixando cansada e levando à necessidade da aplicação de uma analgesia. As contrações excessivas e não naturais somadas à administração da analgesia podem causar queda dos batimentos cardíacos do bebê e consequentemente levá-lo ao que se chama de sofrimento fetal, o que pode acarretar em uma nova intervenção, que pode ser ou um parto instrumental (com uso de fórceps) ou mesmo a necessidade da intervenção cirúrgica (cesárea). O bebê ainda pode nascer com baixa oxigenação, o que normalmente se conhece como "bebê que nasceu cansado", e ser necessário ventilação artificial ou até mesmo transferência para UTI neonatal.
Resumidamente, na tentativa de acelerar um processo natural do corpo, equipes colocam em risco a saúde de mãe e bebê. Portanto, a administração de ocitocina sem o conhecimento e consentimento da parturiente pode ser considerado uma forma de violência obstétrica. Todo medicamente ministrado durante o trabalho de parto devem ter o consentimento da parturiente, negar informações sobre os mesmos são considerados formas de violação ao direito à autonomia sobre o próprio corpo.
Violência Obstétrica é crime. Denuncie.