Dr. Deyvis Rocha - Psiquiatria e Cotidiano

Dr. Deyvis Rocha - Psiquiatria e Cotidiano Página do Dr. Deyvis Rocha (CRM-SP 127.821), psiquiatra com atuação em São Paulo. O Dr. Deyvis Rocha se propõe a esclarecer essas dúvidas.

A psiquiatria está cada vez mais popular e os transtornos mentais são cada vez mais comuns, então, é natural que na população geral surjam muitas dúvidas sobre temas relacionados à Psiquiatria.

Ah, as voltas e viagens que uma palavras faz ao longo da história.Vejamos o caso de Pinel.Hoje, o Houaiss, no nosso mais...
20/04/2025

Ah, as voltas e viagens que uma palavras faz ao longo da história.

Vejamos o caso de Pinel.
Hoje, o Houaiss, no nosso mais prestigioso dicionário, diz que Pinel é uma "pessoa louca ou amalucada.

Foi esse o sentido pelo qual a conheci, e achava graça de um amigo meu que morava na Avenida Pinel, no bairro do Cabral, em Teresina. Se morasse lá, só podia ser doido.

Foi preciso estudar psiquiatria para entender como esse nome, Pinel, veio a ser sinônimo de louco.
Foi só então que conheci Philippe Pinel, francês que nasceu em 20 de abril de 1745, há 280 anos, portanto, e que revolucionou o tratamento os doentes mentais ao lhes tirar as correntes que os deixavam presos e tratá-los com dignidade.
Ato tão revolucionário lhe rendeu distinção e homenagens mundo afora, inclusive no Brasil.

Muitos hospitais que abrigavam (e ainda o fazem) pacientes acometidos de surtos psicóticos e outras doenças mentais recebiam o nome de Pinel. No bairro do Botafogo, no Rio de Janeiro, ainda capital nacional em 1937, foi fundado o Instituto Pinel. São Paulo também tem o seu Hospital Pinel, no bairro de Pirituba.

A partir daí, entra em cena a metonímia: os loucos são internados no Pinel, logo, o louco é pinel.
Que grande viagem para uma palavrinha de cinco letras.

Se Philippe fosse Silva, talvez hoje os loucos fossem chamados assim, Silva.

Não se trata de buscar a felicidade plena na vida, mas de, num mundo cheio de percalços, desafios e dissabores, encontra...
10/04/2025

Não se trata de buscar a felicidade plena na vida, mas de, num mundo cheio de percalços, desafios e dissabores, encontrar os momentos de microfelicidade que, ainda que de breve duração, são facilmente reconhecíveis, estando apenas ao alcance de um olhar mais atento.
Quando Francisco sorri assim, eis a felicidade de que falo.

Feliz 9 anos, amigão.

Não era muito sociável, era um tanto rude, desconfiado, tinha poucos amigos, nunca teve um relacionamento amoroso, nem s...
06/03/2025

Não era muito sociável, era um tanto rude, desconfiado, tinha poucos amigos, nunca teve um relacionamento amoroso, nem se conhece ninguém que tenha compartilhado a sua cama.

Não costumava tomar banhos e, apesar de ser bastante bem recompensado pelas suas obras, andava com roupas puídas e quase nunca tirava as suas botas de couro.

Dedicava-se mais às atividades solitárias, não exigia mais de si do que a perfeição, e, quando se metia a fazer algo, poderia passar horas e horas concentrado naquilo. Chegou a ficar 4 anos dedicado à pintura (logo ele, que desprezava a pintura como uma arte menor em relação à escultura) do teto de uma igreja, a 20 metros de altura do chão, deitado ou inclinado para trás, suportando dores terríveis pelo incômodo das posições e tendo de se haver com tinta que lhe pingava sobre os olhos.

Era assim Michelangelo, o maior gênio das artes que o mundo jamais viu, nascido há 550 anos, em 6 de março de 1475.

Talvez, se vivesse nos dias de hoje, fosse rotulado com algum diagnóstico psiquiátrico. Enfim, algo a menos com o que ele teve de se preocupar.

31/12/2024
Memento mori. A frase latina significa “lembre-se de que você deve morrer”.Na Roma Antiga, o memento mori era comumente ...
02/11/2024

Memento mori.

A frase latina significa “lembre-se de que você deve morrer”.
Na Roma Antiga, o memento mori era comumente representado para lembrar as pessoas sobre a transitoriedade da vida e a necessidade de se aproveitar o tempo ao máximo.
Nesse Dia de Finados, eis o que nos ensinam os nossos mortos.

Deixo aqui um trecho de uma das cartas de Sêneca a Lucílio, escrito há quase dois mil anos, em que o sábio romano reflete sobre a morte que nos acompanha diariamente:

“Quem tu podes citar que ponha algum preço ao tempo, que atribua um valor ao dia, que compreenda que está morrendo diariamente? De fato, nos deixamos enganar quanto a isso, porque vemos a morte mais à frente: grande parte dela já está no passado. Tudo na existência que já ficou para trás pertence à morte. Logo, meu caro Lucílio, faz o que me escreves que vem fazendo: abraças todas as horas. Assim, acontecerá de dependeres menos do amanhã se tiveres tomado o hoje em tuas mãos. A vida transcorre enquanto é adiada”.

Sêneca, Epístola 1, Cartas morais a Lucílio.

Hoje é o Dia das Bruxas ou Halloween e eu pensei em tratar de um tema psiquiátrico relacionado a esta data, cada vez mai...
31/10/2024

Hoje é o Dia das Bruxas ou Halloween e eu pensei em tratar de um tema psiquiátrico relacionado a esta data, cada vez mais celebrada aqui nos trópicos.

Já ouviram falar da licantropia, um transtorno mental em que a pessoa acredita que ela seja um animal (que não o ser humano)?

O termo licantropia é formado por duas palavras gregas, lykos, lobo; anthropos, homem, porque, provavelmente, o lobo seria o animal mais associado a esta perturbação mental.

Na verdade, o que ocorre é que a pessoa acredita que possa tomar a forma do predador mais feroz e perigoso da sua região, como o lobo ou o urso na Europa e no norte da Ásia, a hiena ou leopardo na África e o tigre na Índia, na China, no Japão e em outros lugares da Ásia.

É possível que este transtorno psiquiátrico tenha dado origem à superstição e ao folclore da existência de lobisomens, algo que assustou sobretudo as populações da Idade Média. Foras da lei e bandidos se aproveitavam dessas superstições usando peles de lobo sobre suas armaduras. Àquela época, as pessoas eram incomumente propensas a desenvolver o delírio de que elas próprias eram lobos; suspeitos de licantropia eram queimados vivos se condenados. Apenas raramente sua condição era reconhecida como um distúrbio psicológico.

Embora a superstição não seja mais comum, vestígios ainda permanecem em algumas áreas primitivas e isoladas.

Pieter Bruegel, o Velho (1525-1569), foi o maior pintor flamengo do Séc. XVI. Nascido em Breda, no que hoje é a Holanda,...
12/10/2024

Pieter Bruegel, o Velho (1525-1569), foi o maior pintor flamengo do Séc. XVI. Nascido em Breda, no que hoje é a Holanda, ficou famoso pelas pinturas de paisagens da sua terra e de registros da vida nas cidades e no campo. Por essa razão, apreciar as suas obras é como viajar no tempo e imaginar como era viver no norte da Europa, há quase 500 anos.

Uma das suas obras mais conhecidas, “Jogos infantis”, que ilustra este post, foi pintada em 1560 e hoje pode ser vista no Museu de História da Arte de Viena.
Na tela, vemos uma cidade tomada por crianças envolvidas nos mais diversos tipos de jogos e brincadeiras.

Bruegel, conscientemente ou não, fez, nessa pintura, um painel histórico para as gerações futuras - no caso, nós -, sobre como as crianças e jovens adolescentes se divertiam centenas de anos atrás.

Elas fingem que montam a cavalo, giram aros, pulam carniça, plantam bananeira, brincam com bonecas, fazem teatrinho e enchem bexigas de porcos.

Como “Jogos infantis” nos mostra, o tempo passa, as tecnologia avança, alguns hábitos mudam, mas uma coisa permanece: o que as crianças mais gostam de fazer, seja em 1560, seja em 2024, é brincar juntas.

Feliz Dia das Crianças.

Estreou nos cinemas “Coringa 2: Delírio a dois”, continuação do sucesso de público e crítica Coringa (2019), que mostrou...
05/10/2024

Estreou nos cinemas “Coringa 2: Delírio a dois”, continuação do sucesso de público e crítica Coringa (2019), que mostrou como uma doença mental inespecífica foi se apossando de Arthur Fleck (Joachin Phoenix) e o levou a transformar-se no Palhaço do Crime de Gotham City, num paralelo, que me incomodou à época, entre violência e doença mental.
O subtítulo do filme no original é “Folie à deux”, um termo francês, e eu vou explicar o porquê disso.
A tradução de “folie à deux” em português é “loucura a dois”, e essa expressão foi cunhada, em 1877, por dois alienistas franceses (a palavra “psiquiatra” ainda não havia sido inventada), Charles Lasègue e Jules Falret.
Esse estudo, chamado "La folie à deux ou folie communiquée" é muito famoso na psiquiatria, daquele tipo que todo o estudante de psiquiatria conhece, mas que raramente observa no dia a dia da clínica. Vale dizer que mesmo no português nós utilizamos o termo original francês.
Nele, Lasègue e Falret descrevem esta curiosa condição em que um “alienado”, isto é, a pessoa com delírios do tipo persecutório, acaba “contaminando” ou “comunicando” o seu delírio a outra pessoa previamente sadia, mas que passa a ter os mesmos tipos de ideias paranoicas do doente. Os autores especificam que, para que tal fenômeno ocorra, é preciso que o alienado seja o mais inteligente do par e que aquele que é “contaminado” tenha “uma inteligência mais pobre, mais disposta à docilidade passiva do que à emancipação”; é preciso também que haja uma convivência muito íntima e prolongada entre o alienado e o contaminado e que o delírio seja verossímil, isto é, que não seja muito fantasioso e totalmente fora da realidade.
O tratamento consiste em separar o alienado do contaminado, o que, à época de Lasègue e Falret, era feito com a internação da pessoa doente.
Resta saber se o filme de Todd Philips se inspirou em alguma medida nesse clássico da psiquiatria e se vai determinar a relação entre o Coringa e a Arlequina (Lady Gaga).

A julgar pelas críticas negativas que o filme vem recebendo, acredito que não vou conferir isso no cinema, talvez só o faça quando o filme estiver no streaming.

Escritores, pintores, músicos, cineastas, artistas, de forma geral, têm um dom especial - eles e elas conseguem explicar...
02/10/2024

Escritores, pintores, músicos, cineastas, artistas, de forma geral, têm um dom especial - eles e elas conseguem explicar a alma humana de um jeito que os cientistas jamais vão conseguir.

Aprendi tanta coisa neste livro da genial , "Três camadas de noite", que ela parece tê-lo escrito com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, que é, afinal, o caldo que inspira as melhores obras.

Com a leitura, aprendi mais sobre a depressão, lembrei-me de todas as odisseias que vivi com os meus filhos, identifiquei-me com o seu gosto pelos mitos gregos, conheci lados muitas vezes obscuros de outros grandes escritores. E tudo isso é apenas uma pequena parte de toda a satisfação de ter lido essa obra.

Deixem "Três camadas de noite" tomar o primeiro lugar na sua lista de livros a serem lidos. Não vão se arrepender.


A sexta-feira 13 jamais me foi agourenta, ainda menos depois que numa sexta-feira 13 de setembro, de 5 anos atrás, nasce...
13/09/2024

A sexta-feira 13 jamais me foi agourenta, ainda menos depois que numa sexta-feira 13 de setembro, de 5 anos atrás, nasceu o meu caçula, Martim.

Não é todo dia que você cruza com um imortal.Senhoras e senhores, o acadêmico Ignácio de Loyola Brandão, ilustre araraqu...
04/05/2024

Não é todo dia que você cruza com um imortal.

Senhoras e senhores, o acadêmico Ignácio de Loyola Brandão, ilustre araraquarense.

O meu café da manhã do dia 1º de maio de 1994 foi tapioca. Eu me lembro disso não porque o gosto da tapioca fosse marcan...
01/05/2024

O meu café da manhã do dia 1º de maio de 1994 foi tapioca. Eu me lembro disso não porque o gosto da tapioca fosse marcando ou porque comer essa iguaria fosse raro, justamente o contrário. Eu me lembro disso porque era o que eu comia quando Ayrton Senna teve o seu acidente fatal transmitido ao vivo pela TV.
É assustador que já tenha passado tanto tempo desde aquele fatídico domingo, e talvez mais espantoso seja o fato de que me lembro de detalhes daquele dia como se tivesse ocorrido há poucos dias.

Costuma ser assim quando um evento emocionalmente marcante nos acontece.
A neurociência explica.
Em momentos de grande impacto emocional, os hormônios do estresse - a adrenalina e o cortisol - são liberados no sangue para preparar o nosso corpo para a resposta de "lutar ou fugir”, como uma resposta física imediata diante do estresse: aumento do batimento cardíaco, da tensão muscular e do estado de alerta. Num segundo momento, estes hormônios atuam no aumento da capacidade de retenção da memória declarativa, que é esse tipo de memória de fatos e eventos, que pode ser conscientemente recordada.
Outro componente crucial no armazenamento e recuperação das memórias emocionais é a amígdala, uma estrutura que faz parte do hipocampo - a sede das nossas memórias de longo prazo. Quando se pensa na amígdala, deve-se pensar em “medo”, afinal, ela foi vista primariamente como a responsável por termos medo de coisas que fogem ao nosso controle. Naquele 1º de Maio de três décadas atrás, houve medo de que o pior pudesse acontecer depois da batida na curva Tamburello, a 300 por hora - medo de que a morte de Senna pudesse ser anunciada mais cedo ou mais tarde, como de fato aconteceu, poucas horas depois daquela tapioca difícil de tragar.

Depois disso, a tristeza e a dor emocional que se abateu sobre mim e sobre muitos brasileiros certamente deixou a sua marca na nossa amígdala, contribuindo para que aquele domingo se perpetuasse numa memória muito presente.

Cahill L, McGaugh JL. Mechanisms of emotional arousal and lasting declarative memory. Trends Neurosci. 1998 Jul;21(7):294-9.

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Por que ler Psiquiatria e Cotidiano, a página do Dr. Deyvis Rocha

É impossível encontrar alguém que não tenha sido afetado por um transtorno mental. Se você nunca teve nenhum problema relacionado à depressão, à ansiedade, à realização de manias repetitivas, ou a experiências mais extraordinárias, como ouvir vozes, certamente conhece uma pessoas que já teve um desses problemas.

A psiquiatria, portanto, está muito popularizada, o que não quer dizer que o grau de entendimento dos transtornos mentais tenha melhorado, pelo contrário, o que se observa é que ainda resta muito desconhecimento sobre a doença mental e muito preconceito com as pessoas que adoecem. Assim, é natural que as pessoas tenham dúvidas sobre temas relacionados à Psiquiatria. O Dr. Deyvis Rocha, CRM-SP 127.821, psiquiatra com atuação na cidade de São Paulo, se propõe a esclarecer essas dúvidas.

Você pode saber mais sobre ele em drdeyvisrochapsiquiatra.com.br, inclusive, lá você pode marcar consultas. Também pode fazer isso ligando para o número 11-5084-1391.