
20/04/2025
Ah, as voltas e viagens que uma palavras faz ao longo da história.
Vejamos o caso de Pinel.
Hoje, o Houaiss, no nosso mais prestigioso dicionário, diz que Pinel é uma "pessoa louca ou amalucada.
Foi esse o sentido pelo qual a conheci, e achava graça de um amigo meu que morava na Avenida Pinel, no bairro do Cabral, em Teresina. Se morasse lá, só podia ser doido.
Foi preciso estudar psiquiatria para entender como esse nome, Pinel, veio a ser sinônimo de louco.
Foi só então que conheci Philippe Pinel, francês que nasceu em 20 de abril de 1745, há 280 anos, portanto, e que revolucionou o tratamento os doentes mentais ao lhes tirar as correntes que os deixavam presos e tratá-los com dignidade.
Ato tão revolucionário lhe rendeu distinção e homenagens mundo afora, inclusive no Brasil.
Muitos hospitais que abrigavam (e ainda o fazem) pacientes acometidos de surtos psicóticos e outras doenças mentais recebiam o nome de Pinel. No bairro do Botafogo, no Rio de Janeiro, ainda capital nacional em 1937, foi fundado o Instituto Pinel. São Paulo também tem o seu Hospital Pinel, no bairro de Pirituba.
A partir daí, entra em cena a metonímia: os loucos são internados no Pinel, logo, o louco é pinel.
Que grande viagem para uma palavrinha de cinco letras.
Se Philippe fosse Silva, talvez hoje os loucos fossem chamados assim, Silva.