27/05/2025
Em seu seminário, uma vez por mês, Regina Arrivabene vem trabalhando o tema da angústia.
A cada seminário, a função desse lugar se coloca em exercício. Um lugar de interlocução com alguns pares dispostos à escuta das elaborações em curso e mobilizados por suas próprias questões, que por estrutura, não deixam de “orbitar” em torno do tema proposto.
Com o propósito de esvaziar o conceito de angústia, com o desafio de dar lugar a um afeto, o único que, segundo Lacan, não engana como sinal do real, a proposta é avançar, no passo a passo da estrutura, lançando luz sobre sua função na topologia do corte que inscreve uma falta primordial e instaura a divisão subjetiva, sem a qual o humano não poderia habitar a realidade de ficção própria ao falante.
Lacan situa a angústia na temporalidade desse corte, numa relação primordial com o objeto a, esse resto, esse dejeto, irredutível à signif**antizaçao, operando ali para fazer entrar na ordem do dizivel, o que é da ordem do indizível.
Da angústia entre o gozo e o desejo, muitas questões levantadas: os cortes na sessão analítica e a angústia suscitada no percurso de uma análise, as operações de alienação e separação e o trabalho de luto, a relação ambígua entre amor e desejo, o manejo da transferência e as duas faces do discurso analítico na condução da cura e o desejo do psicanalista...
Assim, vamos descobrindo, até com certa surpresa, que a angústia é um afeto que tem a função primordial de despertar o sujeito para o desejo. Sob a urgência do ato, no tempo da angústia e superada a angústia, se apresse ao momento de concluir, de onde surgiria toda a criatividade mediante a qual ele deve restabelecer seu acesso ao mundo.
Amanhã (28), as elaborações sobre “A angústia” continuam!