Camila Scarpati Dias - Psicóloga e Psicanalista

Camila Scarpati Dias - Psicóloga e Psicanalista Meu nome é Camila Scarpati Dias, sou psicóloga (16/6902) e psicanalista, atendo na cidade de Vitor

Se mudou para um lugar diferente. Ali não se levava o lixo até a lixeira. Na verdade levava, mas a uma intermediária. De...
24/06/2025

Se mudou para um lugar diferente. Ali não se levava o lixo até a lixeira. Na verdade levava, mas a uma intermediária. Depois alguém juntava de andar em andar para irem ao encontro do caminhão. Achou esquisito, mas tá né.

Até que a lei veio e disse: assim não pode.
Protestos. Muitos protestos.
O que foi ainda mais esquisito.

O que as pessoas vão fazer agora? descer com o lixo? E quem trabalha aqui? Vai fazer o quê com esse tempo livre? Não teve jeito. A lei chegou e cada um passou a descer com seu lixo.
O tempo livre nunca foi visto porque há sempre muito a fazer, de sete às sete.
Aquilo foi uma experiência e tanto.
Meses depois de novo, dessa vez onde trabalha. Prédio chique. Estava há anos ali e sempre recolheu e levou o lixinho ao lixão. Seu trabalho mesmo que glamourizado, de glamouroso tem pouco. O dia escutando restos e ao final recolhendo o lixo.
Naquele dia, por acaso encontrou a zeladora que quando a viu com uma de lixo em mãos disse:
-Doutora, você que recolhe o lixo aí?
Sem entender muita coisa, disse que sim ué.
-Deixa que tiro para senhora, entro aí e pego.
Então deu um riso e disse:
-Muito obrigada, mas não precisa. Bom que passeio no prédio.
E sorriu.

Se a gente não for nem capaz de lidar com esses lixos tão fáceis de descartar e precisar delegar para outra pessoa isso, imagina com aqueles difíceis mesmo.

Será mesmo que a gente quer a sorte de um amor tranquilo? E indo um pouco além, será que existe amor tranquilo?  Nas rel...
12/06/2025

Será mesmo que a gente quer a sorte de um amor tranquilo? E indo um pouco além, será que existe amor tranquilo? Nas relações em geral e em especial nas escolhas amorosas a gente reedita um tanto de coisa que em geral pouco tem a ver com tranquilidade.

Amar vem com uma (boa) dose de desamparo, de insegurança ou no mínimo o desconforto de vez e sempre ser lembrado dos desencontros da completude.

Amar é trabalhoso. E aqui já abro um parênteses: trabalhoso não é o mesmo que penoso ou sacrificial. Se estamos falando de se martirizar no amor, virou outra coisa - para ambos.
Mas sim, dá trabalho ser amante e ser amado.

O ouro dessa música está no que penso ser maior desafio de um casal em tempos de tanta aceleração e aposta no prazer quase mortif**ante posto que é impossível de acontecer a todo custo o tempo todo e no tudo poder: transformar o tédio em melodia.

A vida real tem rotina, monotonia e o amor é esse que é um remédio que dê alegria, mas não cura do mal estar do mundo.
Amar nos implica a ser artistas no convívio, inventar, criar a partir do inferno e do céu de todo dia. Se o inferno são os outros, o céu não se faz sem mais alguns.

Em tempos de redes sociais, as vezes a impressão que dá nessa co**ha de retalhos barulhenta que virou o telefone, é que a poesia está sempre na vida do outro.

Mas segredo aqui que Cazuza já adiantou: ninguém a vive.
É justamente a poesia que a gente não vive que é capaz de transformar o tédio em melodia e não a melodia que transforma o tédio em poesia.

O amor aparece nos dias cansados, na cara amassada, no cabelo bagunçado e no encontro com o desencontro de perceber-se diante de um outro e topar seguir com isso, e não apesar disso.

No caminho parou para comprar flores, não uma flor qualquer, beijo é o nome da sua preferida, várias cores e cultivo des...
01/06/2025

No caminho parou para comprar flores, não uma flor qualquer, beijo é o nome da sua preferida, várias cores e cultivo descomplicado.

Beijos devidamente acomodados na caixinha e que só irão para a casa nova na próxima semana, ou ninho como gosta de chamar.

Perguntou:
-Elas sentem essas mudanças todas de lugar?
E escutou e quem aprendeu a escutar as plantas.
-Precisa deixar no sol, senão elas sentem.

Se a planta está sentindo as mudanças bruscas, quem somos nós com nossas emoções complicadas para fazer pouco caso disso que é viver?

Primeiro fui para onde a diferença estava na cara. Ali era até fácil nem tentar se  fazer pertencente. Mais fácil aceita...
19/05/2025

Primeiro fui para onde a diferença estava na cara. Ali era até fácil nem tentar se fazer pertencente.
Mais fácil aceitar a condição de forasteira.
Depois as coisas mudaram muito.
Elementos que cresci ouvindo ou vendo dos livros didáticos aos filmes e séries.
Aqui meu rosto não é mais tão diferente. Meu rosto poderia passar sendo de como alguém daqui. Mas eu e o que me faz ser eu é diferente. Minha língua mãe, a maneira como me movimento, meu olhar, minhas roupas, o que me faz ser eu além da carne.
No primeiro dia a sensação era de estranhamento. Como se fosse uma coisa colorida e perdida em meio a elegância e alinhamento dos filmes. Como se estivesse invisível num set de gravação de alguma série que já assisti.
Pensei em comprar algo para me camuflar e proteger do frio, mas nada me servia. Desisti. Comprei um moletom bem de turista escrito: PARIS/FRANCE, porque afinal, é isso que sou aqui. Forasteira.
Quando começo a me perder menos nas linhas de metrô ou começo a saber o quanto de fato custam as coisas, é hora de ir. Afinal, por agora não é esse meu lugar. Tem um cais me esperando.
Assim, por nas minhas últimas horas de estrangeira é bom demais me dar conta do cais.
Há mar e há porto. Porque se só houvesse umas dessas coisas, não teria tanta graça a vida.
E sim, se tudo der certo, a gente muda lugar algumas vezes longo da vida, mas como tudo nessa tal de vida, não é com um passe de mágica ou carinho no passaporte que acontece.

Oriente-se. O alfabeto tailandês tem mais de quarenta letras que mais parecem desenhos com suas delicadas curvas e que e...
07/05/2025

Oriente-se.

O alfabeto tailandês tem mais de quarenta letras que mais parecem desenhos com suas delicadas curvas e que esfregam na nossa cara o quanto a achamos que sabemos das coisas mas não sabemos nada.

Ocupar o lugar do estrangeiro quando está literalmente na minha cara que não sou daqui é um exercício e tanto de suportar o quanto somos pequenos, o quanto o controle é uma ilusão.

Vou de nerd a analfabeta em questão de horas e que a linguagem que mais vale na vida é a que sentimos no corpo.

E admito que cada vez mais tenho gostado de viver isso.
Faz aprender a dar ainda mais valor ao que importa.

Se eu daria algum conselho pra minha versão mais nova? Jamais. Primeiramente e felizmente não fui muito de escutar conse...
20/03/2025

Se eu daria algum conselho pra minha versão mais nova?

Jamais.

Primeiramente e felizmente não fui muito de escutar conselhos. E uma coisa que adoro há muito tempo é escutar pessoas. Só que as lições mais importantes que aprendi e aprendo são com quem não sabe que está ensinando.
Quem se pensa no lugar de ensinar algo já fracassou no começo.

Se tem uma coisa que eu acredito é no tal do inconsciente e como em algum lugar a gente sabe onde não sabe que sabe.

Acho que todo dia tento buscar um pouco da Camila de 20 anos e também a de 3 e a de ontem ou de meia hora atrás.
Afinal não somos sem quem já fomos.

Poderia fazer um texto sobre mestria, ou sobre o quanto se acreditar no lugar de quem ensina algo é o jeito mais fácil d...
16/03/2025

Poderia fazer um texto sobre mestria, ou sobre o quanto se acreditar no lugar de quem ensina algo é o jeito mais fácil de não estar nesse lugar.

Me dando conta - só depois - do quanto aprendi nos lugares mais improváveis, sinto cada vez mais o quanto é fundamental reconhecer a potência da vida acontecendo.

“Logo a Terra surgirá atrás das nuvens. E amarrarei a Sardinha no cais, consciente de que nossa casa é o único lugar que...
07/03/2025

“Logo a Terra surgirá atrás das nuvens. E amarrarei a Sardinha no cais, consciente de que nossa casa é o único lugar que nunca partirá de nós. E o melhor lugar do mundo de onde partir de novo.” (Klink, Tamara, 2021, p. 190)

“Na quietude daquela noite, a última, ancorado no infinito sossego da Praia da Espera, sonhando com os olhos abertos e ouvindo outros barcos que também dormiam, descobri que a maior felicidade que existe é a silenciosa certeza de que vale s pena viver” (Klink, Amyr, 1995, p. 152).

Já se pensou meses ouviu falar nesses navegadores e escritores brasileiros?

Em 2017 assisti uma palestra do Amyr Klink no aniversário de 50 anos da CESAN, onde eu trabalhei por 9 anos antes de me dedicar só (em muitos sentidos) a clínica.

Admito que naquela época achei a palestra muito legal, e lembro de algumas coisas até hoje. Mas só lendo o livro dele, há poucos dias, pude ter alguma noção mais próxima do que foi a experiência, acho que algumas coisas que não caibam no palco.

Mas o curioso dessa história toda é que voltei a ele por meio da filha, Tamara. Às vezes a vida tem dessas coisas. Imagino o quanto ela tenha ouvido, e ainda ouça, sobre ser filha de quem é. Pelo menos para mim, ver uma mulher de vinte e poucos anos navegando em solitário me fez na mesma hora ter vontade de ler seu primeiro livro “Mil Milhas”. E que poesia.

Lendo primeiro as palavras da filha, depois do pai e depois da filha de novo, pude pescar o quanto tinha de um no outro, esse trançado geracional, e também o que marca a diferença, a singularidade de cada um.

As reflexões que Tamara alcança com sua coragem, sensibilidade e olhar crítico para o mundo que a cerca, e todo o planejamento de Amyr enquanto economista e engenheiro.

Eu realmente acho que não tem que não goste de ler, tem quem não tenha encontrado um livro para chamar de seu. Esses aqui são de uma delicadeza, uma sabedoria, que sinceramente, só a natureza pode ensinar e felizmente existem pessoas como eles que conseguem, cada um a sua maneira, nos emocionar.

F**a a dica.

E continua, continua… porque se tem uma coisa que um consultório é, é vivo!Nem sempre tem algum perrengue mas também não...
19/02/2025

E continua, continua… porque se tem uma coisa que um consultório é, é vivo!

Nem sempre tem algum perrengue mas também não é sem eles.

Tão importante quando começar de onde for possível é saber que cuidar de um espaço, seja físico ou psíquico requer manutenção e isso não tem ponto de chegada.

Ouvi essa expressão uma, duas, três vezes, até entender o que queriam dizer: a vida não é simples nem fácil. Certo?O cur...
18/02/2025

Ouvi essa expressão uma, duas, três vezes, até entender o que queriam dizer: a vida não é simples nem fácil. Certo?

O curioso, para mim, foi não conseguir, à primeira vista, associar morango à ideia de facilidade. São lindos, fotogênicos, e é difícil encontrar alguém que não goste deles ou da infinidade de coisas que podem ser feitas com eles.

Mas já tentou cultivar morangos? Complicado demais!

Solo, temperatura, o cuidado na hora de plantar para protegê-los do mato, dos bichinhos que podem estragá-los por causa da casca quase inexistente e as sementes que já nascem expostas… Até a colheita e o armazenamento são um desafio. Qualquer descuido e eles amassam, de tão delicados.

Não é à toa que os morangos estão entre as frutas que mais recebem agrotóxicos. Para produzi-los em grande escala, muitos agricultores acabam recorrendo a esses produtos—sem eles, o cultivo seria ainda mais difícil e custoso.

Talvez a vida se pareça mais com morangos do que imaginamos.

Se tem alguma boa em livros com frases marcantes próprias de quem sabe o que ecoa em nós, e ao mesmo tempo questões que ...
11/02/2025

Se tem alguma boa em livros com frases marcantes próprias de quem sabe o que ecoa em nós, e ao mesmo tempo questões que me fazem terminar a leitura e f**ar com a cabeça prestes a explodir doida para conversar a respeito, é a Carla Madeira.

Terminar um livro dela é torcer para encontrar alguém que tenha lido e poder conversar a respeito, sabendo que provavelmente encontrará nesse outro uma visão bem diferente a sua sobre a história. Porque a Carla escreve de um jeito tão cru e com tantas questões ali nos emaranhados familiares do dia a dia que f**a muito difícil ocupar o lugar de juíz e ter opinião muito contundente a respeito como nossa sociedade o tempo todo nos impele a fazer.

Não vou falar muito porque não quero dar spoiler, e esse livro merece ser lido como li, sem ter a menor noção do que viria na próxima página. Porque a vida é assim também.

E tem foto minha lendo que na verdade é parte de um vídeo que gravei quando me vi completamente tomada pela leitura e quis partilhar com uma pessoa ;)

Escutei aqui no consultório essa definição para o “fazer análise”, chistosa e contraditória como a própria vida. Tão gen...
05/02/2025

Escutei aqui no consultório essa definição para o “fazer análise”, chistosa e contraditória como a própria vida.
Tão genial que não poderia f**ar com ela só para mim.

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