20/08/2025
Hoje é dia do historiador. A História, tal como a psicanálise, f**a às voltas com ser ou não ciência, e vez ou outra é declarada morta ou dispensável. As questões metodológicas são infinitas.
Para as provas não bastava saber o conceito. Os melhores professores eram os que nos faziam ler ao mesmo tempo diferentes visões sobre uma mesma época. Prado Jr, Sérgio Buarque, Gilberto Freyre. Ou Furet e Hobsbawn - que partir de sua leitura e igualmente amparados nas fontes escolhidas teorizavam. E talvez, se fossem hoje escrever, o fariam diferente.
Qual o certo?
A magia é não haver resposta para isso.
Justamente o que a História tem de mais precioso é a possibilidade de sempre mais uma leitura. Mantidos o rigor do método, a ética, não são apagamentos, mas outras escritas.
Diversidade é algo que me encanta desde antes de eu saber disso.
Na faculdade de Psicologia vi a História sendo mais necessária. Talvez por isso me sinta mais historiadora que psicóloga. E se tratando de psicanálise, que é ainda outra coisa, por muitas vezes achei que uma formação pouco usual era mais atrapalhava do que ajudava.
Que idiotice. Até que numa conversa, não qualquer, me disseram que era interessante eu ser de outra área que não psicologia.
Em seguida uma amiga me presenteou com esse trecho do Lacan:
“É de uma iniciação nos métodos do linguista, do historiador e, diria eu, do matemático que se deve tratar agora, para que uma nova geração de clínicos e pesquisadores resgate o sentido da experiência freudiana e seu motor.” (Lacan, A coisa freudiana)
Do matemático e do linguista não consigo dizer muito, mas sobre o historiador… que a gente insista nisso de se debruçar, in(clinar) nas fontes, no impossível que é apreender a mentalidade de uma época a partir dos registros deixados por quem ali esteve, na análise macro para além de nossa interpretação, a postura de quem interroga narrativas e versões do passado em vez de tomá-las lineares ou de apenas uma posição ótica.
Parabéns, colegas, de mim que visto a camisa ao meu modo e vez ou outra me vejo de mãos dadas com Clio, mesmo sem todo esse colágeno mas pelo menos com a sobrancelha restabelecida.