
25/09/2025
O hiperfoco em pessoas no autismo acontece quando alguém que está no espectro direciona uma quantidade muito intensa de atenção, tempo e energia para outra pessoa, tornando esse vínculo o centro das suas emoções e pensamentos.
Diferente do hiperfoco em áreas de interesse, que são mais conhecido no TEA, esse tipo se volta para vínculos afetivos. A pessoa pode passar muito tempo pensando, falando ou tentando estar perto de alguém, seja um amigo, parceiro, familiar ou até mesmo uma figura de referência.
Quando o vínculo é correspondido, esse foco costuma trazer sensação de segurança, prazer e proximidade, já que o investimento emocional encontra espaço de acolhimento. Mas quando não há reciprocidade, o cenário muda bastante.
O esforço e a expectativa colocados nessa relação podem se transformar em frustração, tristeza e ansiedade. Muitas vezes surgem pensamentos repetitivos sobre o que aconteceu, dificuldade de se desligar da situação e sensação de rejeição mais intensa do que a esperada em um contexto típico. Em alguns casos, esse sofrimento pode vir acompanhado de comportamentos agressivos, especialmente quando a percepção é de abandono ou afastamento.
Esse tipo de hiperfoco pode trazer ganhos, como relações marcadas por lealdade, autenticidade e dedicação, mas também pode gerar dificuldades e dependência emocional.
A pessoa pode acabar deixando de lado estudos, trabalho ou autocuidado por estar muito envolvida com o vínculo, além de enfrentar maior vulnerabilidade quando sente que não é correspondida.
É uma experiência relatada com frequência por autistas e observada em contextos clínicos, mas que ainda recebe pouca atenção nos estudos científicos.