15/04/2025
Compartilho hoje o artigo do que escancara o que muitos de nós já sentimos, há tempos, nos corredores frios da formação médica: não se ensina mais a cuidar de pessoas. Ensina-se a tratar sintomas.
Joelho com dor? Protocolo.
Insônia? Receita.
Corpo inflamado? Exame.
Mas ninguém pergunta:
“O que esse corpo está tentando contar?”
“Que dor essa dor está escondendo?”
Na medicina que escolhi viver e praticar, um joelho doente nunca é só um joelho.
Pode ser a rigidez de uma vida inteira.
Pode ser medo de seguir em frente.
Pode ser um trauma guardado, silenciado.
Porque doença não é um erro. É um pedido de ajuda.
A medicina que eu acredito escuta o que o corpo fala, lê o que a alma sussurra e trata o que realmente adoece — aquilo que muitas vezes não aparece em nenhum exame.
Hoje, em muitos lugares, a formação médica acontece sem hospital-escola, sem o toque, sem o olho no olho, sem a vivência real com pacientes.
Cursos que formam técnicos, mas não médicos.
Estudantes que aprendem com bonecos de silicone, que decoram protocolos antes mesmo de aprender a perguntar:
“Como você está?”
Essa crítica não é aos alunos — muitos enfrentam uma formação rasa, mas ainda assim carregam um desejo genuíno de cuidar. Eu vejo isso nos jovens que me procuram, buscando algo além do que foi ensinado.
A crítica é ao modelo.
À lógica da pressa.
À perda da presença. À perda da alma.
Ainda é possível ensinar medicina com escuta, com sensibilidade, com humanidade.
Ainda é possível formar médicos inteiros, que enxergam o outro como um ser completo — corpo, mente, alma e história.
Eu escolhi viver essa medicina.
E sigo acreditando que ela é o único caminho possível.