Alma Junguiana- Doriane Demuth

04/08/2025

Essa fala de Jung em Memórias, Sonhos, Reflexões me atravessa de uma forma confrontativa:

Eu vivo isso na pele. Não como analista, mas como pessoa, como mulher. Sinto, no fundo do meu ser, que existe uma pergunta que me habita. Uma inquietação que não tem nome exato, mas que pulsa em mim, me movimenta, me desafia e, às vezes, me confunde.

E sei que não estou sozinha. Tem muitas pessoas, assim como eu, que sentem no coração essa fala do Jung, como se ela descrevesse exatamente o que vivemos internamente. Só que nós muitas vezes f**amos nessa dúvida: que pergunta é essa? O que é que eu preciso compreender nela? Será algo a “solucionar”? Ou o caminho é justamente aprender a lidar com essa pergunta sem resposta… a aceitá-la como parte de quem somos?

F**a a reflexão. Talvez, só o fato de se fazer essa pergunta já seja, de algum modo, uma resposta?

Doriane Trevas Demuth
Professora, Supervisora e Psicoterapeuta Junguiana
Criadora do Canal e Podcast Alma Junguiana
Graduação reconhecida Associação dos Psicólogos na Alemanha

26/07/2025

Fragmento do " O livro vermelho".

Em 2025 a gente comemora os 150 anos do nascimento de Carl Gustav Jung.

Jung foi um desses pensadores que não teve medo de mergulhar fundo na psique humana. O que mais me toca é que ele não buscava respostas absolutas, mas sim questionamentos que profundamente nos transformam. Ele entendia o ser humano em sua totalidade com luzes e sombras e apostava que o autoconhecimento era o caminho para uma vida mais verdadeira.

Hoje, a obra dele continua viva em cada processo terapêutico, em cada pessoa que decide olhar pra dentro com coragem. Que honra fazer parte desse legado, de forma profissional e na minha própria vida.

Doriane Trevas Demuth
Professora, Supervisora e Psicoterapeuta Junguiana
Criadora do Canal e Podcast Alma Junguiana
Graduação reconhecida Associação dos Psicólogos na Alemanha

07/07/2025

"Estudos Alquímicos", §482

Na prática, o que realmente transforma é viver. É sentir na pele, atravessar as dores, os encontros, as perdas, os conflitos internos. É quando a experiência nos toca de verdade que algo se move no fundo da alma. E isso vale também no processo terapêutico, não basta entender intelectualmente, é preciso viver o que se sente, dar corpo àquilo que antes era só palavra.

Como alguém que trabalha com a escuta e também mergulha no próprio processo, eu percebo o quanto a gente pode, muitas vezes, se esconder atrás de conceitos, de explicações bonitas, até mesmo de uma sensibilidade refinada… mas Jung nos chama de volta pro essencial: nada disso substitui a vivência real.

Constantemente lembro me disso. É a experiência vivida que realmente gera mudança. O resto, por mais bonito que soe, permanece na superfície. Transformação tem ligação com a profundidade.

Doriane Trevas Demuth
Professora, Supervisora e Psicoterapeuta Junguiana
Criadora do Canal e Podcast Alma Junguiana
Graduação reconhecida Associação dos Psicólogos na Alemanha

23/06/2025

C.G.Jung " A Natureza da Psique"; §198

Complementando, a afirmação que "não somos senhores da nossa própria casa" no §200:

" A existência dos complexos põe seriamente em dúvida o postulado ingênuo da unidade da consciência que é identif**ada com a “psique”, e o da supremacia da
vontade. Toda constelação de complexos implica um estado perturbado de consciência. Rompe-se a unidade da consciência e se dificultam mais ou menos as intenções da vontade, quando não se tornam de todo impossíveis.

A própria memória, como vimos, é muitas vezes profundamente afetada. Daí se deduz que o complexo é um fator psíquico que, em termos de energia, possui um valor que supera, às vezes, o de nossas intenções conscientes; do contrário, tais rupturas da ordem consciente não seriam de todo possíveis.

De fato, um complexo ativo nos coloca por algum tempo num estado de não liberdade, de pensamentos obsessivos e ações compulsivas para os quais, sob certas circunstâncias, o conceito jurídico de imputabilidade limitada seria o único válido."

Doriane Trevas Demuth
Professora, Supervisora e Psicoterapeuta Junguiana
Criadora do Canal e Podcast Alma Junguiana
Em formação pela Academia Internacional de Psicologia Analítica de Portugal
Graduação reconhecida Associação dos Psicólogos na Alemanha

16/06/2025

Idividuação é um Processo Simples?

"O conceito junguiano de individuação tem sido muitas vezes deturpado.
Entretanto é claro e simples na sua essência: tendência instintiva a realizar plenamente potencialidades inatas. Mas, de fato, a psique humana é tão complexa, são de tal modo intrincados os componentes em jogo, tão variáveis as intervenções do ego consciente, tantas as vicissitudes que podem ocorrer, que o processo de totalização da personalidade não poderia jamais ser um caminho reto e curto de chão bem batido. Ao contrário, será um percurso longo e difícil."

Nise da Silveira, Jung: vida e obra. Cap.06 "Processo de Individuação"

Doriane Trevas Demuth
Professora, Supervisora e Psicoterapeuta Junguiana
Criadora do Canal e Podcast Alma Junguiana
Em formação pela Academia Internacional de Psicologia Analítica de Portugal
Graduação reconhecida Associação dos Psicólogos na Alemanha

03/06/2025

C.G.Jung "Os arquétipos e o inconsciente coletivo, §31

Vivemos numa era de tantos avanços, tanta tecnologia, tanta informação e ao mesmo tempo, parece que estamos cada vez mais desconectados de nós mesmos, da nossa essência, do que realmente importa. A mente corre, mas o coração muitas vezes f**a pra trás.

O ser humano fez tanta coisa incrível com a cabeça... inventou, descobriu, criou mundos. Mas nesse corre, foi como se a alma tivesse f**ado pra trás, meio esquecida num canto. É irônico pensar que quanto mais brilhamos por fora, mais parece que escurecemos por dentro. Talvez seja hora de voltar para casa, aquela morada que é só nossa, silenciosa e profunda.

Doriane Trevas Demuth
Professora, Supervisora e Psicoterapeuta Junguiana
Criadora do Canal e Podcast Alma Junguiana
Em formação pela Academia Internacional de Psicologia Analítica de Portugal
Graduação reconhecida Associação dos Psicólogos na Alemanha

30/05/2025

Jung: Vol. 9/I, § 56.

Quando Jung diz que “A alma é o lado vivo no ser humano, aquilo que vive a partir de si mesmo e origina a vida”, eu sinto que ele está falando dessa força interior que pulsa em nós, que não depende de aprovações externas, de status, de desempenho, mas que simplesmente é.

Pra mim, tem tudo a ver com aquela sensação de estar conectada com algo mais autêntico, mais verdadeiro. A alma, nesse sentido, não é uma coisa distante ou mística, mas aquilo em nós que cria, sente, pulsa, transforma. E na prática, quando a gente se desconecta disso, tudo perde um pouco a cor.

Eu vejo isso muitas vezes na clínica: pessoas que se sentem “vazias” porque deixaram de escutar essa parte viva que mora dentro. Por isso o processo terapêutico é tão importante, é uma forma de se reaproximar dessa alma que ainda está lá, esperando ser ouvida. Fico atenta também ao meu próprio processo, por entender o quanto é tentador, diante do espírito da nossa época, o distanciamento da nossa alma. E confesso que é um desafio constante, porém, ao meu ver, necessário!

Doriane Trevas Demuth
Professora, Supervisora e Psicoterapeuta Junguiana
Criadora do Canal e Podcast Alma Junguiana
Em formação pela Academia Internacional de Psicologia Analítica de Portugal
Graduação reconhecida Associação dos Psicólogos na Alemanha

21/05/2025

Estar aberto ao inconsciente signif**a, antes de tudo, reconhecer que também estou em processo. Não sou alguém “pronto” que guia o outro do alto de um saber. Pelo contrário: estou sempre sendo transformado pelas imagens, símbolos e afetos que surgem, seja nos meus próprios sonhos, nos encontros com os pacientes ou nas situações da vida.

Essa escuta interior me obriga a olhar para minhas sombras, minhas feridas, minhas contradições. Às vezes é desconfortável, mas também é profundamente verdadeiro e vivo. Com o tempo, aprendi a ver sentido até mesmo na dor, porque entendo que ela faz parte de um movimento maior de crescimento e integração.

No consultório, percebo que a relação com cada paciente ativa algo em mim também. O inconsciente de ambos está em diálogo. E isso exige presença, humildade e um compromisso real com esse processo que nunca termina. Ser analista, dentro da abordagem junguiana, é estar disposto a mergulhar junto no mistério da psique.

Na psicologia junguiana, o inconsciente não é só um lugar onde guardamos memórias,traumas ou complexos. Ele é uma força viva, inteligente, que participa ativamente da nossa existência. Como teraputa, percebo o quanto esse diálogo constante com o inconsciente transforma profundamente a forma como vivo, trabalho e me relaciono comigo mesmo e com o outro.

Doriane Trevas Demuth
Professora, Supervisora e Psicoterapeuta Junguiana
Criadora do Canal e Podcast Alma Junguiana
Em formação pela Academia Internacional de Psicologia Analítica de Portugal
Graduação reconhecida Associação dos Psicólogos na Alemanha

15/05/2025

https://youtu.be/jvGNYXod-wk

Vídeo de alerta e um desabafo!!! Baixaram minhas vídeos aulas do YouTube e venderam em uma plataforma de ensino online, fiquem atentos!!!!

Vídeo de alerta e um desabafo!!! Baixaram minhas vídeos aulas daqui do YouTube e venderam em uma plataforma de ensino online, fiquem atentos!!!! DorianeVocê ...

09/05/2025

Nise da Silveira, " Jung, Vida e Obra", cap sobre os Complexos.

Essa frase da Nise da Silveira me atravessa profundamente… porque ela fala de algo que eu vejo com frequência tanto na minha experiência pessoal quanto na clínica: entender intelectualmente um problema não signif**a, necessariamente, se "curar" dele.

Quantas vezes a gente, ou os próprios pacientes, conseguem explicar o que estão vivendo com uma clareza impressionante... sabem descrever o conflito, a origem, os padrões familiares, quase poderiam escrever uma monografia, como Nise diz. Mas mesmo com toda essa lucidez, o sofrimento continua ali, persistente.

E por que isso acontece? Porque o afeto que está preso naquele conflito ainda não foi verdadeiramente elaborado. F**ar só na cabeça, só no plano racional, não dá conta do que o corpo, a alma e o coração estão carregando. É preciso que o afeto venha à tona, que seja vivido, expresso, chorado às vezes, ou simbolizado por meio de imagens, sonhos, arte... E é aí que entra a psicoterapia como esse espaço de acolhimento e de elaboração profunda.

Nise sabia disso com uma sabedoria gigante: não basta entender, é preciso sentir, elaborar, dar corpo ao que está guardado.

Doriane Trevas Demuth
Professora, Supervisora e Psicoterapeuta Junguiana
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06/05/2025

Psicologia do Inconsciente, §111

Essa frase do Jung sempre me chamou a atenção… Porque, tanto na minha vida pessoal quanto no consultório, percebo o quanto a gente tenta dar conta de tudo com a razão. A gente quer entender, explicar, controlar como se isso fosse suficiente. Mas Jung nos lembra que não somos só racionais, e que nunca seremos. Existe uma dimensão irracional, simbólica, emocional, que é parte essencial da nossa natureza.

Como terapeuta, isso faz ainda mais sentido. Quantas vezes vejo pacientes tentando “resolver” o sofrimento apenas com lógica e sofrendo ainda mais porque o que sentem não cabe em explicações racionais. O inconsciente fala de outro jeito, e a gente precisa aprender a escutar esse outro idioma que não é linear, que às vezes é contraditório, simbólico, intuitivo.

Jung diz com clareza: o irracional não deve e nem pode ser extirpado. Isso é um chamado para integrarmos essas partes esquecidas, desvalorizadas. É sobre abraçar a totalidade da psique, com tudo o que ela é: luz, sombra, lógica e mistério.

Você também sente isso por aí? Que às vezes é preciso soltar o controle racional pra entrar em contato com o que realmente transforma?

Doriane Trevas Demuth
Professora, Supervisora e Psicoterapeuta Junguiana
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Graduação reconhecida Associação dos Psicólogos na Alemanha

01/05/2025

Jung em "Psicologia do Inconsciente", nota de rodapé do §103.

Essa frase do Jung : “O inconsciente coletivo representa a parte objetiva do psiquismo; o inconsciente pessoal, a parte subjetiva”, sempre me faz refletir sobre como ele tinha uma visão profunda da psique humana.

O que ele está dizendo aqui é que o inconsciente coletivo não é algo “só nosso”, individual, mas sim um nível mais profundo da mente, compartilhado por todos nós como espécie. É como se fosse uma camada da psique que carrega imagens, padrões e experiências humanas universais: os arquétipos.

Já o inconsciente pessoal seria mais “nosso mesmo”, feito da nossa história, das nossas dores, memórias esquecidas, traumas, complexos e tudo aquilo que nos constitui de forma subjetiva e única.

E isso é muito importante de entender quando a gente pensa em psicoterapia. Porque quando o Jung fala que o inconsciente coletivo é objetivo, ele está dizendo que ele independe da nossa vontade ou percepção. Ele simplesmente está lá, influenciando nossos sonhos, nossas escolhas e até nossas crises.

Como terapeuta, isso me lembra que cada pessoa que entra no consultório traz muito mais do que sua história de vida pessoal. Ela traz também o peso (e a riqueza) de algo maior, coletivo, que muitas vezes se manifesta nos sintomas, nas imagens simbólicas dos sonhos, nos conflitos internos... E é aí que o trabalho analítico se torna tão profundo: ao tocar essas camadas, a gente se conecta não só com quem somos, mas com aquilo que faz parte da nossa natureza humana mais ampla.

Doriane Trevas Demuth
Professora, Supervisora e Psicoterapeuta Junguiana
Criadora do Canal e Podcast Alma Junguiana
Em formação pela Academia Internacional de Psicologia Analítica de Portugal
Graduação reconhecida Associação dos Psicólogos na Alemanha