22/12/2024
A borda é o limite que organiza o desejo e circunscreve o furo no sujeito — o lugar onde o gozo se manifesta no corpo. Já o litoral é o espaço de encontro (e desencontro) entre o Simbólico e o Real, onde a linguagem tenta bordear o impossível de dizer.
No litoral, tal como na vida, sempre estamos lidando com aquilo que escapa ao sentido... e é aí que o desejo e o gozo encontram seu movimento.
O litoral é um conceito que Lacan desenvolve no Seminário 20: Mais, Ainda (“Encore”), para pensar o limite entre o simbólico e o real. Ele é inspirado pela ideia de fronteira ou margem, mas vai além: o litoral é um espaço de contato e, ao mesmo tempo, de separação entre dois domínios heterogêneos.
Simbólico e Real: O litoral é onde o simbólico (a linguagem, o sentido) encontra o real (aquilo que escapa à signif**ação, o impossível de ser dito).
Exemplo: Na experiência clínica, o sintoma pode ser pensado como um litoral, onde o simbólico tenta dar conta do gozo que insiste no real.
Litoral e gozo: Lacan também relaciona o litoral ao gozo feminino, que ele descreve como um gozo que escapa à lógica fálica (do simbólico), situando-se mais próximo do real. O gozo feminino seria, então, “litoral” — algo que não é totalmente capturável pela linguagem.
Escrita do litoral: Lacan usa a metáfora do litoral para pensar na necessidade de “escrever” o encontro do simbólico com o real. Isso implica que não há uma integração completa entre eles, mas uma tentativa constante de bordear o impossível.