23/07/2025
Muitas mulheres relatam, em contexto terapêutico, a sensação de estarem numa relação onde cumprem todas as funções, mas não se sentem vistas como pessoas.
Sentem-se funcionais — úteis — mas não valorizadas.
Estão casadas, mas emocionalmente sós.
Cuidam da casa, dos filhos, da estabilidade da relação.
São suporte emocional, logístico e afetivo.
Mas não recebem o mesmo em retorno.
Há uma ausência de reciprocidade, de escuta e de partilha real.
Essa vivência leva, com o tempo, a uma erosão silenciosa da auto-estima.
A mulher começa a questionar o seu próprio valor.
Sente culpa por se sentir mal, por “ter tudo” e ainda assim sentir-se vazia.
E normaliza o desequilíbrio.
Acredita que amar é dar — mesmo sem receber.
Que é “natural” o outro não estar tão presente.
Que o mal-estar é dela, não da relação.
Mas quando uma mulher se sente usada — mesmo dentro de um casamento — é porque há um padrão relacional disfuncional.
Não se trata apenas de falta de atenção.
Trata-se da ausência de vínculo real.
Da redução do outro a um papel (mãe, dona de casa, cuidadora), em vez de reconhecê-lo como sujeito com necessidades emocionais legítimas.
É importante nomear esse mal-estar.
Validar essa dor.
E desconstruir a ideia de que o amor deve anular o eu.
Na terapia, reconstruímos esse olhar.
Porque o amor saudável implica presença, escuta, equilíbrio.
Não é normal sentir-se usada numa relação que deveria ser de cuidado mútuo.
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🎙️ Eu sou Mabel Serra, psicóloga.
E ajudo mulheres a reconhecerem quando estão a desaparecer dentro da própria relação — para que possam resgatar o seu lugar emocional, com consciência e dignidade.
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