17/02/2025
ICRH-M apresenta Evidências Impactantes sobre Violência baseada no Gênero e sobre Envolvimento do Parceiro nos Serviços Maternos.
O ICRH-M destacou-se na primeira semana de Fevereiro, participando em dois importantes eventos de pesquisa em Maputo, apresentando resultados inspiradores de dois temas que prometem transformar a abordagem nas questões cruciais de saúde pública no país.
No primeiro evento, organizado pelo IPAS Parceiros para Justiça Reprodutiva, o ICRH-M apresentou os resultados de uma pesquisa abrangente sobre acesso e utilização dos serviços de Violência baseada no Gênero nas províncias de Niassa, Nampula e Zambézia. Esta pesquisa, conduzida pela Maria Suzana Bata, tinha como objectivo produzir evidências cientificas para informar a implementação de um projecto de promoção de saúde sexual e reprodutiva para mulheres e raparigas. Com base em metodologias mistas, recorrendo-se à abordagens quali-quantitativa, permitiu aferir as formas de VBG que mais acomete ao público alvo, as dinâmicas de acesso e utilização dos serviços de apoio a VBG e explorar experiências e perspectivas dos actores da comunidade sobre a VBG.
De acordo com Maria Suzana, Pesquisadora principal do estudo no ICRH-M, os resultados mostraram que cerca, 64,8% das participantes sofreram de algum tipo de violência de gênero seja ela física, sexual ou psicológica. A violência perpetrada por parceiros íntimos foi a mais frequente. A provincia de Nampula, registou mais casos de VBG comparativamente às províncias da Zambézia e Niassa. Um dado ainda mais preocupante é que mais da metade das sobreviventes de qualquer tipo de VBG não recorreram a nenhum serviço formal de reporte e busca de apoio. A atitude de não reportar a VBG é independente do tipo de VBG. Os resultados mostram ainda que factores como proveniência da provincia de Nampula, ter um parceiro que nunca estudou e ter crenças de aceitação de violência como normal foram significativamente associados a não procura de serviços de suporte das sobreviventes de VBG.
Já os resultados qualitativos apontaram para uma diversidades de dinâmicas, perspetivas e determinantes da VBG nestes locais. Os resultados deste estudo indicam que as comunidades tem um entendimento da VBG e associam-na a factores socioculturais ligados à pespectiva de que os homens são superiores em relação às mulheres e, por isso, as mulheres devem aceitar a violência. Os resultados apontaram igualmente para barreiras que limitam a busca de serviços de apoio formal, que se sobrepõem desde as barreiras individuias de falta de conhecimento sobre as leis e serviços que protegem contra a VBG, barreiras estruturais, políticas nas quais as comunidades tem dificuldades de aceder aos serviços formais que atendam e satisfaçam as suas necessidades devido a fragilidades dos mecanismos de coordenação e a falta de recursos para prover e atender as necessidades das sobreviventes.
O estudo identificou lacunas importantes no funcionamento do mecanismo multissectorial de combate a VBG, por isso, deixa recomendações cruciais da necessidade de investimento para melhoria de acções de coordenação entre sectores de forma a tornar o mecanismo multissectorial funcional e integrado.
Inovação nos Cuidados maternos e neonatais.
Em paralelo, na II edição de Dia Aberto de Pesquisa, um evento organizado pelo Serviço de Saúde da Cidade de Maputo, a Gestora de Pesquisa do ICRH-M, Maria Suzana Bata, apresentou um estudo inovador sobre o agendamento de consultas pré-natais para casais. A pesquisa, realizada na província de Maputo, investigou o impacto dessa estratégia no envolvimento dos parceiros nos cuidados maternos gerais.
Os resultados deste estudo indicam que a estratégia de agendar consultas de casal é aceite pela comunidade e pelos provedores de cuidados maternos. Os participantes revelaram que o agendamento de consultas pré-natais para casais contribuiu no aumento da participação dos homens nos cuidados pré-natais, parto e cuidados pós-parto, bem como no fortalecimento do vínculo e da relação entre o casal e nos cuidados gerais com a família. A estratégia de agendamento de consultas pré-natais para casal foi positiva sob ponto de vista de melhoria de indicadores de saúde materna, como tratamento de ITS, hipertensão, prevenção da VBG e nos cuidados com a saúde do homen.
A participação do ICRH-M nesses eventos demonstra o compromisso da instituição com a produção de conhecimento científico de qualidade e com a busca por soluções inovadoras para influenciar as politicas alinhadas aos desafios de saúde pública em Moçambique.
O ICRH-M continuará trabalhando em parceria com o governo de Moçambique, organizações da sociedade civil e outros actores relevantes para em conjunto, transformar os as recomendações das pesquisas em acções concretas.
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Ipas Moçambique
de Saúde da Cidade de Maputo
Suzana Bata