01/09/2025
O termo BURNOUT deriva do inglês e significa "aquilo que deixou de funcionar por absoluta falta de energia" (Trigo et al 2007, p. 225). Ou seja, a Síndrome de Burnout caracteriza uma pessoa que chegou ao seu limite e sente-se esgotada.
No entanto, há uma ligação da Síndrome que a desvincula da depressão, do stress rotineiro, da ansiedade. Para ser considerada Síndrome de Burnout, necessariamente, toda este cansaço físico, mental e emocional tem de estar ligado ao trabalho.
O trabalho ocupa uma grande parcela de tempo das pessoas, então entende-se que o mesmo deveria trazer certa realização, o que nem sempre se concretiza (Dejours, 1991; Trigo et al, 2007).
Todos já devem ter ouvido a seguinte frase: “O trabalho dignifica o homem”, no entanto, de acordo com Dejours (1992) o trabalho tem impacto direto no aparelho psíquico do homem. Segundo ele, o ambiente e a dinâmica do trabalho ignoram as histórias pessoais de cada trabalhador, iniciando assim um conflito que pode vir a ocasionar disfunções pessoais e organizacionais.
Os sintomas mais característicos do Burnout são: exaustão emocional e distanciamento afetivo. Segundo Trigo et al (2007): A exaustão emocional abrange sentimentos de desesperança, solidão, depressão, raiva, impaciência, irritabilidade, tensão, diminuição de empatia; aumento da suscetibilidade para doenças, cefaléia, náuseas, tensão muscular, dor lombar ou cervical, distúrbios do sono. O distanciamento afetivo provoca a sensação de alienação em relação aos outros, sendo a presença destes muitas vezes desagradável e não desejada (p.225).
Há também um sentimento de baixa realização profissional e uma baixa satisfação com o trabalho, uma sensação de que “muito pouco tem sido alcançado e o que é realizado não tem valor” (p.225).
A pessoa afetada pelo Burnout tem menos interesses em práticas inovadoras e apresentam um desgaste quando exigido criatividade e maior comprometimento com o trabalho.
Alguns autores como Mitchell e Bray (2016) apresentam os sintomas entendidos em fases:
Fase do aviso: os primeiros sinais são de natureza emocional como ansiedade, depressão, tédio, apatia, fadiga emocional. Podem levar até um ano para aparecer e pequenas mudanças na rotina da pessoa podem reverter os sintomas.
Fase dos sintomas moderados: se ignorados os sintomas da primeira fase se agravam e trazem consigo outros sintomas físicos como: distúrbios do sono, dores de cabeça, constipações, problemas estomacais, dores musculares, fadiga física e emocional, irritabilidade, isolamento e depressão.
Fase da consolidação: e por fim, experenciam-se sintomas como fadiga emocional e física generalizada, abuso de substâncias como álcool, medicamentos e ci****os, tensão alta, problemas cardíacos, enxaqueca, alergias sendo a mais comum a de pele, problemas de relacionamento em ambientes generalizados, redução de apetite, perda de interesse sexual,
ansiedade, choros constantes, depressão e pensamentos rígidos. Neste estágio torna-se necessário auxílio médico e psicológico urgente e por muitas vezes, afastamento do local ou mudança de função no trabalho.
O burnout tem sido considerado um problema de ordem social e de grande relevância, já que seus custos organizacionais vem aumentando, com o decorrer dos crescentes casos de trabalhadores afetados. Alguns destes custos devem-se a rotatividade de pessoal, absentismo, problemas de
produtividade e qualidade e também por associar-se a vários tipos de disfunções pessoais, como o surgimento de graves problemas psicológicos e físicos podendo levar o trabalhador a incapacidade total para o trabalho (Carlotto & Câmara, 2008, p. 154).
Somos a geração da conectividade e tecnologia. E claro, que essa característica do mundo moderno também traria impactos para o mundo do trabalho.
Cary Cooper é pesquisador, pela Manchester Business School e autor de estudos sobre relação entre e-mails e stress no trabalho, segundo ele “cerca de 40% das pessoas acordam e a primeira coisa que fazem é verificar os seus e-mails, para outros 40%, é a última coisa que fazem à noite” (BBC Brasil, 2016).
Esta obsessão em ver e-mails e informações, fora do ambiente de trabalho, torna mais difícil que “nos desliguemos nas horas de folga”.
O início para um tratamento adequado inicia-se por um diagnóstico detalhado. É importante que não se confunda Síndrome de Burnout com outro tipo de perturbação psicológica como depressão, perturbações de humor ou de ansiedade. Há de se levar em conta ainda o aumento do risco no uso de substâncias como álcool e dr**as ilícitas. Um estudo finlandês associou o aumento no consumo de álcool em médicos com Burnout. O uso de tabaco também foi observado em vários casos, assim como pensamento de morte e sintomas de depressão (Trigo et al, 2007).
A exaustão pode conduzir à depressão, sendo que a exaustão atinge apenas o foro profissional, enquanto a depressão estender-se-á a todas as áreas da vida da pessoa.