19/07/2025
Recordando a história e azulejos do Palácio Mello (no HSAC), no dia Dia Mundial dos Palácios.
𝗘𝗳𝗲𝗺é𝗿𝗶𝗱𝗲𝘀 𝗱𝗼 𝗣𝗮𝘁𝗿𝗶𝗺ó𝗻𝗶𝗼 𝗖𝘂𝗹𝘁𝘂𝗿𝗮𝗹 𝗱𝗼 𝗖𝗛𝗨𝗟𝗖 – 𝗟𝗜𝗜
A 19 de Julho assinala-se o Dia Mundial dos Palácios, iniciativa promovida pela Associação de Residências Reais Europeias desde 2016. Embora várias figuras da realeza tenham visitado e inaugurado serviços nos hospitais que hoje integram o CHULC, nunca houve qualquer residência régia em nenhum deles, mas existe um antigo palácio no Hospital de Santo António dos Capuchos.
Em 1716, D. João de Mello e Abreu, Senhor de Murça, adquiriu umas casas que haviam pertencido ao Desembargador António Freitas Branco na Rua Direita de Santo António, junto à cerca do Convento de Santo António dos Capuchos. Por volta de 1826, o palácio foi alvo de grandes obras de ampliação, no âmbito das quais foram aplicados vários lambris de azulejos, muito ao gosto da época.
Os azulejos que decoram a Escadaria Nobre e também o átrio de acesso aos salões do palácio mostram diversas cenas de batalhas, muito provavelmente alusivas à Guerra da Sucessão Espanhola (1701-1714), campanha militar na qual D. João participou.
Devido a inúmeras alterações ao uso daquele espaço, os antigos salões do palácio encontram-se muito diferentes do que seriam ao tempo em que os azulejos ali foram colocados. Contudo, é possível identificar, pelo menos, quatro conjuntos diferentes, cada um com a sua temática decorativa. Além do conhecido padrão das camélias, estão igualmente presentes cenas de teor mitológico e cenas de caçadas, tendo estes últimos na parte superior os emblemas familiares dos proprietários do palácio – Mello, Abreu e Vasconcelos.
Nestes salões, existe ainda um conjunto de azulejos onde se podem observar cenas de música e dança, nos quais surgem diversas personagens masculinas e femininas em trajes de gala, reproduzindo estampas da 𝘊𝘰𝘮𝘮𝘦𝘥𝘪𝘢 𝘥𝘦𝘭’𝘈𝘳𝘵𝘦 . Destaca-se entre estes um painel que tem cerca de 8 metros de comprimento.
Embora o palácio tenha permanecido na posse da família durante todo o século XVIII, por vezes arredado a vários inquilinos, nas primeiras décadas da centúria seguinte, os Mello mudaram-se para outra residência, arrendando o edifício, entre 1843 e 1850, à Academia Real da Artilharia e Desenho.
Em 1854, utilizando parte dos rendimentos das festividades organizadas no Passeio Público, o Asylo da Mendicidade de Lisboa, instalado desde 1836 no antigo convento de Santo António dos Capuchos, adquiriu o Palácio Mello para assim ampliar as suas instalações. Nessa época o edifício foi alvo de obras de adaptação que alteraram grandemente a sua organização interna.
Nos salões do antigo palácio funciona actualmente uma enfermaria do Hospital de Santo António dos Capuchos. Para evitar eventuais danos provocados pelo mobiliário hospitalar existem, fixas no chão, réguas metálicas que evitam o contacto daquele com os azulejos.
📷 Pormenor de painel de azulejos nos antigos salões do Palácio Mello e Abreu (1.ª metade do século XVIII).
Hospital de Santo António dos Capuchos – Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central.