
19/07/2025
Uma revisão histórica não encontra evidências científicas de que a depressão seja causada por um desequilíbrio químico.
Uma grande revisão abrangente conduzida por pesquisadores do University College London não encontrou evidências convincentes de que a depressão seja causada por baixos níveis de serotonina ou por atividade reduzida dessa substância. Publicado na revista Molecular Psychiatry, o estudo analisou décadas de pesquisas em diversos campos e concluiu que a antiga teoria do “desequilíbrio químico” carece de respaldo científico. Isso desafia a base fundamental por trás do uso generalizado de antidepressivos como os ISRS, que supostamente funcionariam corrigindo a deficiência de serotonina. A revisão sugere que a popularidade dessa teoria pode ter contribuído para o aumento massivo nas prescrições de antidepressivos, apesar da ausência de comprovação biológica.
As descobertas também levantam preocupações sobre como a teoria da serotonina pode moldar a percepção pública e as decisões de tratamento.
Com até 90% das pessoas acreditando que a depressão decorre de um desequilíbrio químico, os pesquisadores alertam que esse equívoco pode desencorajar o otimismo quanto à recuperação e a confiança em tratamentos não farmacológicos.
Além disso, algumas evidências indicam que os antidepressivos podem, com o tempo, reduzir os níveis de serotonina, destacando a necessidade de mais transparência e de novas abordagens para o cuidado em saúde mental.
Os autores defendem uma mudança de foco para o enfrentamento de estressores da vida, traumas e fatores sociais por meio de terapia e intervenções no estilo de vida, em vez de soluções exclusivamente farmacológicas.
Fonte: Moncrieff, J., Cooper, R. E., Stockmann, T., Amendola, S., Hengartner, M. P., & Horowitz, M. A. (2022). The serotonin theory of depression: A systematic umbrella review of the evidence. Molecular Psychiatry.