02/09/2025
Aqueles que traem, podem até pensar que estão a viver o auge da liberdade. Mas o que é verdade, é que a traição raramente nasce da abundância. Ela quase sempre brota de um lugar de carência. Carência de identidade, da ausência de um coração bem resolvido, da falta de coragem para enfrentar a própria dor. Em alguns casos, a raiz da traição vem de problemas mal resolvidos que atravessam anos. Histórias de rejeição, abandono, de abusos emocionais ou físicos. Quando a pessoa não sabe dar sentido a dor que vive, acaba por ter comportamentos distorcidos. E por mais que alguém pareça feliz traindo, existe algo dentro dessa pessoa que não esta nada bem. Vai chegar o momento em que a culpa aparece. Às vezes surge como ansiedade silenciosa, às vezes como crises que ninguém vê. Não precisa ser explícito, mas garanto-te que é no teu interior que essa cobrança grita. Existem pessoas com o carácter defraudado, pessoas que mentem para si e para os outros com a mesma naturalidade com que respiram. Mas também há aqueles que traem movidos pela falta de apoio, de reconhecimento. Quem tem estrutura procura solução, conversa, enfrenta o desconforto. Não procura atalhos para aplacar a própria dor às custas de outra pessoa. Se foste traído ou traída, não carregues a culpa que não é tua. A traição do outro diz sobre ele, não sobre o teu valor. Não tens nem deves torturar-te em tentar perceber onde falhou para justificar o que ele ou ela fez. E se tu traíste, deves reconhecer que por detrás desse acto, existe um buraco que não será preenchido com conquistas paralelas, ou aventuras. Porque a conta chega. Sempre! E quando chega, a factura vem sempre em nome de quem a emitiu. Não acredites que trair é sinal de força. Mas sim de fraqueza por parte de quem trai. Quem o faz, é alguém vazio de amor, de valores, de sentimentos, de propósito, de carácter… ou seja, vazio de tudo. É apenas um pacote ambulante e vazio. Pensa nisto.
Texto: Padre Ricardo Esteves
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