14/08/2025
Faz agora dois anos que acompanho o M.
Na altura, tinha 27 anos, um bom trabalho há cerca de um ano, uma relação longa, daquelas que parecem sólidas. Olhado de fora, tudo certo. Mas por dentro… nem por isso.
Havia uma tensão que não o largava. Ora sentia-se tenso, ora apático. Uma insatisfação difusa, difícil de nomear. Nada estava particularmente errado e ao mesmo tempo, nada parecia verdadeiramente certo.
Trazia um passado familiar duro, daqueles que deixam marcas invisíveis, mas que moldam tudo: como se sente, como se liga aos outros, como se vê.
Começámos o acompanhamento. Sessões quinzenais, depois mais espaçadas, depois mais próximas outra vez — conforme a vida ia pedindo.
Sete meses depois, em apenas dois, o M. deu três passos gigantes:
✨ mudou de trabalho;
✨ inscreveu-se num mestrado;
✨ terminou uma relação de anos.
Estava em pânico, meio “tensinho”, como dizia com um meio-sorriso nervoso mas, ao mesmo tempo, cheio de convicção.
E, sobretudo, vivo.
Pela primeira vez em muito tempo, estava a mexer nas peças da própria vida, não só a encaixá-las como dava.
Hoje, está no segundo ano do mestrado, com melhores notas do que quando era “só” estudante.
Está a crescer e a ser reconhecido no novo trabalho.
Está numa nova relação, feliz e onde sente que pode ser ele mesmo.
Consegue manter laços familiares saudáveis e proteger-se dos que já não fazem sentido.
Continuamos a trabalhar juntos.
O “tensinho” ainda aparece — claro que sim. Mas já não domina. Já não define.
Hoje, o M. vive mais reencontrado consigo. Com a vida. E com a certeza de que, nos altos e nos baixos, não está sozinho.
E eu, do lado de cá, celebro cada conquista como quem assiste a uma primavera a acontecer.
Com orgulho. E com gratidão.
––
E tu?
Também sentes esse “tensinho” dentro de ti?
Também já viveste essa fase de mexer nas peças da tua vida?