03/07/2025
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Quando morre alguém jovem, admirado, saudável e com filhos pequenos…a dor tende a ser maior.
A confusão também. Para todos e todas.
E o impacto nas crianças e adolescentes que os seguem pode ser real — mesmo que nunca os tenham conhecido.
Como psicóloga clínica, mãe e líder, partilho algumas orientações de comunicação para famílias, treinadores e adultos em geral.
✅ O que dizer:
🔹 “Sim, é verdade. O Diogo e o irmão sofreram um acidente e morreram.”
Usa a palavra “morreram” com naturalidade. Dizer que “foram embora” ou “partiram” pode gerar confusão e medo em idades mais jovens.
🔹 “Não é comum, mas às vezes acontecem acidentes graves. E é normal sentirmo-nos tristes, revoltados ou assustados.”
Há que normalizar e acolher as emoções sem anular o medo ou a tristeza.
🔹 “A morte faz parte da vida, mas quando acontece tão cedo, é mesmo difícil de entender. Por isso estamos aqui, para conversar sobre isso.”
A presença emocional é mais importante do que explicações perfeitas.
❌ O que evitar dizer:
🚫 “Foi a vontade de Deus.” – Pode gerar culpa, medo ou zanga espiritual.
🚫 “Agora está num sítio melhor.” – Pode confundir e gerar medo da vida.
🚫 “Não penses nisso.” – Bloquear sentimentos só os torna mais pesados e solitários.
🧩 Em vez disso…
🧠 Dá informação adaptada à idade.
– Com crianças pequenas, usa frases curtas e claras.
– Com adolescentes, permite debate, dúvidas, espaço para indignação.
🎯 Responde às perguntas com verdade e simplicidade.
“Sim, às vezes acidentes acontecem, mesmo com pessoas novas e fortes.”
🛑 Evita especulações e detalhes chocantes que podem traumatizar.
👐 Modela calma e afeto com o teu tom de voz, corpo tranquilo e escuta que são âncoras para o cérebro da criança.
📣 Se és treinador ou professor:
💬 Fala com a turma / equipa abertamente.
“Foi uma perda triste. Como se sentem? Querem conversar ou fazer uma homenagem simbólica?”
🎙 Evita glorificar a morte trágica.
O cérebro adolescente é sensível a “heroísmos” perigosos.
🧱 Oferece segurança:
“Nem todas as mortes são assim. Vamos continuar a treinar, a cuidar de nós e uns dos outros.”
Que esta perda possa ser honrada com empatia!